Além da necessidade de expansão das unidades de terapia intensiva (UTIs), a piora da pandemia no Estado reflete em outro gargalo nos hospitais de referência para tratamento de covid-19 em Porto Alegre: a necessidade de profissionais intensivistas. Para a habilitação de um leito de UTI, é necessário que o hospital disponibilize equipamentos como respiradores, monitores, camas e equipe de profissionais de saúde especializada em atendimento intensivista.
— Cada leito requer em torno de seis a 10 profissionais por leito. Então olha o tamanho que isso representa. E isso tem turnos, manhã, tarde e noite. Os leitos de UTI funcionam 24 horas. Necessitamos de um verdadeiro exército trabalhando — explicou o diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Cláudio Oliveira, em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta segunda-feira (1).
No domingo (28), a lotação das unidades de terapia intensiva (UTIs) voltou a superar os 100%, enquanto o número de doentes internados com covid-19 chegou a 467 e bateu o recorde da pandemia pelo sétimo dia consecutivo. Como resultado do esgotamento da rede de saúde, a fila de espera por um leito também se manteve em elevação: 142 pessoas com o vírus em emergências às 15h30min – sete a mais do que no sábado (27).
Após anúncio de uma série de medidas de para o enfrentamento da pandemia, como a suspensão das cirurgias eletivas, o GHC vai ampliar a oferta de leitos UTI covid de 39 para 44 nesta segunda-feira. O planejamento para abertura de mais leitos, no entanto, fica comprometido com uma "curva descontrolada" de casos covid-19, conforme aponta Oliveira.
— Os hospitais têm tamanho e condições. O problema é que esta onda está numa crescente e subida descontrolada. Estamos numa curva descontrolada, tem muitos casos chegando. E isto em nenhum momento foi previsto, nem neste momento — relata o diretor do GHC.
Desde março de 2020, quando o governo federal autorizou a contratação de 1,5 mil profissionais, o hospital contratou 831. Conforme Oliveira, mais 200 já estão em processo de contratação. Com o novo contingente, o GHC passará a ter 10,2 mil empregados em seu quadro.