O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) lançou nota oficial na manhã deste sábado (1º) em que cogita decretar "interdição ética" do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres.
A entidade informa que recebeu graves denúncias de falta de pediatras e obstetras para o adequado atendimento da população e considera que existe risco de desassistência e de prejuízo no atendimento na instituição do Litoral Norte. Estariam também faltando medicamentos e outros insumos.
A nota é assinada pelo presidente do Cremers, Eduardo Neubarth Trindade. Ele conclama ações urgentes por parte dos gestores municipais e estaduais, sob pena de prejuízo no atendimento médico à comunidade — principalmente no auge do verão, quando há aumento exponencial da população na região.
O Cremers recebeu informação de que médicos do Nossa Senhora dos Navegantes estão sem receber salários integrais desde outubro. Seriam 70 profissionais com atraso de pagamento.
A questão mais grave é na pediatria, setor onde um médico foi dispensado nesta semana e teriam ficado dois plantonistas para atender no fim de semana. Um deles, de sobreaviso em casa, o que o conselho considera situação precária.
Ao todo são cinco pediatras e cinco obstetras, que estariam com atraso de salário, assim como anestesistas e emergencistas.
O Cremers tem recomendado que gestantes procurem outros hospitais do Litoral. Há relatos de demora no atendimento no hospital de Torres.
Trindade considera que os fatos relatados "são mais um exemplo de que a terceirização da saúde é um modelo de gestão que, da forma que está sendo feito, só precariza o atendimento à população".
O Hospital Nossa Senhora de Navegantes diz não vai se manifestar quanto à nota do Cremers, por não ter sido informada oficialmente. Mas assegura que o atendimento à população está mantido, inclusive no setor de pediatria e obstetrícia, mesmo com atrasos pontuais de salários. E enfatiza que não há necessidade de buscar atendimento em outras cidades, porque a escala de médicos está funcionando. Em nota, a direção do hospital informa que "os salários dos CLTs estão em dia e, com relação aos demais prestadores (Pessoas Jurídicas), enfatiza que tem mantido franco diálogo e buscado priorizar os serviços e o bom atendimento à população". O hospital ressalta ainda que estão mantidas as escalas médicas.