O Apocalipse, um fenômeno bíblico que leva ao fim de um mundo inteiro, mas também o advento de um novo, é o tema de uma grande exposição inaugurada nesta terça-feira (4) na Biblioteca Nacional da França, e que ficará aberta até 8 de junho.
Desde gravuras sobre os desastres da guerra feitas pelo pintor espanhol Goya até as versões em toda a Europa do Beato de Liébana, um tratado espanhol que causou sensação na Idade Média, a mostra abrange as origens religiosas do Apocalipse até suas versões modernas, como filmes de desastres climáticos ou nucleares.
Logo de início, a exposição recorda que Apocalipse é uma palavra grega que significa literalmente "revelação, exibição e não catástrofe como estamos acostumados a entender", explica uma das curadoras, Jeanne Brun.
O Apocalipse de São João é o último livro do Novo Testamento (também conhecido no inglês como o Livro do Apocalipse).
O autor é João, e os especialistas debatem há séculos se ele é João, o Evangelista, um dos santos apóstolos. Em todo caso, João teve suas visões do fim do mundo na ilha grega de Patmos e escreveu-as para alertar a humanidade.
"No texto [bíblico], essa admoestação é repetida várias vezes: 'venha e veja'. Seja uma testemunha, um guia para uns e outros", explica a curadora.
São cerca de 300 peças, desde livros iluminados da Idade Média, esculturas a vídeos de artistas contemporâneos. A exposição também conta com empréstimos do Museu Britânico e do Museu d'Orsay.
A mostra começa com as iluminuras do Beato de Saint-Sever, um livro criado no século XI na Gasconha (sudeste da França), com base nos comentários ao Livro do Apocalipse feitos pelo monge espanhol, Beato de Liébana, três séculos antes.
Também destaca a série de gravuras do mestre alemão Albrecht Dürer (século XVI), Los Desastres de la Guerra de Goya, com suas breves epígrafes com ressonâncias bíblicas.
Ou as ilustrações de um artista do século XIX obcecado pelo texto de João de Patmos, o artista britânico William Blake.
Todas estas obras são uma fonte de inspiração até hoje. Em janeiro, o jornal francês Le Monde usou a gravura de Dürer representando os quatro cavaleiros do Apocalipse com os rostos do presidente Donald Trump e os proprietários do X, Elon Musk, e da Meta, Mark Zuckerberg, acompanhando a Morte.
Mas, como os curadores da exposição recordam o público, "O Apocalipse descreve o fim de um mundo, para melhor delinear os perfis da nova ordem que deve sucedê-lo", ou seja, a Nova Jerusalém.
* AFP