O temporal que atingiu a Região Metropolitana no fim da tarde de segunda-feira (31) causou transtornos em diversos municípios. Em Eldorado do Sul, ao menos 295 casas ficaram destelhadas e a situação causou medo nos residentes afetados. Por conta dos estragos, as aulas foram suspensas na rede municipal de ensino.
Moradora do bairro Sol Nascente, Neusa Oliveira viveu o trauma causado pela enchente que devastou o Rio Grande do Sul em maio de 2024. Parte da casa dela, na Rua Assis Brasil, que ainda não havia sido totalmente recuperada após a enchente, voltou a ser destelhada pela chuva. Ela conversou com a reportagem na manhã desta terça-feira (1º).
— Foi um terror, um terror. Eu achei que ia voar tudo em minha casa. Foi muito feio, veio um temporal de terra primeiro, veio vento com a terra, fazia redemoinho — conta Neusa.
Os momentos seguintes foram de apreensão, mas alívio pelo estrago não ter sido maior. Aposentada por invalidez, a idosa de 60 anos relata dificuldades para reconstruir a residência com o salário de R$ 1,5 mil que recebe mensalmente.
— Eu me agarrei com Deus, porque eu achei que o meu telhado ia voar todo né? Aí eu pedi para Deus: "O senhor segura para mim um pouco", aí Deus segurou, porque eu não tenho dinheiro para comprar todo o telhado. A gente cai e levanta, cai e levanta. Primeiro é enchente, agora é isso aí. Não é fácil, como é que vai estar consertando toda vez? Fazendo crediário, não tem como fazer — expressa.
Bairro afetado
Ao caminhar pela Rua Assis Brasil, é possível notar que outras residências também foram afetadas pela chuva. Em frente a casa de Leonel Tadeu Rodrigues, 73 anos, um poste está suspenso sobre uma árvore.
— Estamos com medo de esse poste cair em cima de casa, a CEEE só veio aqui bater foto — conta Rodrigues, que relata ter perdido tudo durante a enchente do último ano.
Conforme Rodrigues, um estouro antecedeu a queda do poste. Equipes da CEEE Equatorial foram até o local durante a noite, mas não retornaram ao local até o momento.
Moradora do bairro Sol Nascente há 24 anos, Fernanda de Fátima Fagundes, 33 anos, lamenta a perda de móveis que havia comprado recentemente e de um colchão que ganhou após a enchente:
— Aquele móvel ali da cozinha, eu acabei de pagar. Aquela cômoda que está no quarto da minha filha, eu paguei a primeira prestação, a sorte que fiz seguro estendido dela, faltam sete prestações. Molhou, encharcou.
A irmã de Fernanda, Gabriela Fagundes, 27 anos, que mora em outra casa no mesmo terreno, conta que a água atingiu 1m50cm no interior da sua residência durante a enchente. Elas se abrigaram na casa do pai, nos fundos do mesmo terreno.
Resposta da prefeitura
Na manhã desta terça-feira, funcionários da Defesa Civil de Eldorado do Sul visitaram as regiões mais afetadas do município. A prefeitura distribui lonas e o Ginásio Municipal Eliseu Quinhones abriga ao menos 30 moradores.
Ainda na noite de segunda-feira, o município decretou situação de emergência.
*Colaborou: Lucas de Oliveira