Completando dois meses desde que a rodoviária de Porto Alegre voltou a operar 24 horas, usuários ainda notam um cenário bastante diferente do que era encontrado antes da enchente de maio, que inundou o terminal. No corredor central, onde passageiros costumavam sentar nos bancos para aguardar as viagens, não há mais assentos e as lojas que reabriram dividem espaço com outras que estão cobertas por tapumes.
De acordo com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), ao longo do segundo semestre, o governo do Estado investirá R$ 14,7 milhões em obras de recuperação da Estação Rodoviária. O departamento afirma que já foi executada toda a pavimentação da rodoviária, com aplicação de R$ 1,14 milhão. O recurso já estava previsto no orçamento do órgão antes da enchente e não está incluído no montante anunciado pelo governo estadual.
O Daer confirmou que será definida até o final do mês a empresa que será contratada emergencialmente para realizar parte da recuperação do terminal. Serão aplicados R$ 3 milhões nesse contrato. Conforme o departamento, a prioridade é a reforma do salão do setor interestadual, a troca do piso da área de venda de passagens intermunicipais, o conserto dos banheiros e a troca dos vidros da fachada.
O restante do valor será destinado para a impermeabilização da cobertura do terminal e a recuperação da parte elétrica. No entanto, esses serviços serão realizados posteriormente.
Como está a rodoviária
Lancherias e conveniências que conseguiram retornar passaram por reformas e estão recebendo os clientes. Não há mais ambulantes na porta principal, que aproveitavam o período de fechamento das operações para fornecer cafés e salgados ao público.
Na loja Tio Patinhas, uma das proprietárias conta que o local passou por reforma, mas ainda há preocupação, principalmente com o mês de setembro, que tem característica de volumes expressivos de chuva, como ocorreu no ano passado.
— A gente abriu a loja e estava tudo caindo. Ainda estamos pagando os boletos de antigamente e repondo tudo de novo. Eu tenho medo de trabalhar em local baixo de novo — relata Claudia El Kik, 50 anos, uma das sócias da loja.
Além da retomada, Claudia e alguns colegas lojistas enfrentavam mais um desafio na manhã desta quinta-feira (5). O fornecimento de energia elétrica estava em meia fase.
— É para consertarem hoje. Isso é recorrente — afirma o comerciante Leandro Vinícius Fiorini, 36 anos, que atendia no caixa em meio à escuridão.
O Daer afirmou que durante a madrugada, houve falta de luz na região e, quando a energia elétrica voltou, dois fusíveis da Estação Rodoviária estouraram, deixando a luz do terminal em meia fase. A situação deveria ser normalizada até o meio-dia, conforme o departamento.
Outro problema na estação envolve os sanitários. Dois estavam funcionando, o mais próximo ao desembarque e outro no segundo andar. No entanto, este último teve de ser interditado para reformas, conforme funcionários, deixando somente uma opção ao público.
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Venda de passagens
Com movimento intenso em razão do fechamento do aeroporto Salgado Filho, a área interestadual, que conta com ônibus para Florianópolis, segue com locais improvisados para a venda de passagens. Barracas de empresas estão instaladas perto do boxes para atender os passageiros. Os guichês para esse setor permanecem fechados com tapumes.
Sobre isso, o Daer informa que os balcões estão fechados por conta da reforma que deve ocorrer ao longo do segundo semestre no terminal. Em breve, uma reunião com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) será realizada para que eles sejam transferidos para outro local.
Na área da venda intermunicipal, os atendentes estão nos mesmos guichês, mas o piso está estragado, chamando bastante a atenção de quem circula por ali.
A reportagem questionou o Daer sobre a quantidade de lojas em operação e a previsão de reabertura do restante e aguarda retorno.
Segundo a Associação dos Lojistas da Rodoviária, quase metade das lojas foi aberta e o restante está em reforma, com previsão de a maioria voltar até o final do mês.