
Quando os armazéns do Cais Mauá abriram as portas para a primeira edição do South Summit Brazil, em 2022, a roda da inovação engatava uma engrenagem difícil de parar. Entrando na sua quarta edição, o evento consolida uma marca em Porto Alegre, ampliando relevância, participação de empresas e atenção de investidores.
Principal palco para mostrar o que tem sido desenvolvido no Rio Grande do Sul, o evento este ano ocorre de 9 a 11 de abril, com marcas a celebrar. É a edição com o maior número de startups inscritas e com a maior sinalização de fundos de investimentos presentes — aporte fundamental para que as ideias sejam aceleradas.
A presença neste palco, ainda na primeira edição, foi o grande propulsor para a Trashin, startup gaúcha focada na gestão de resíduos. A participação de estreia rendeu um investimento de R$ 2,5 milhões na empresa a partir de conversas com investidores-anjo (que aplicam recursos em negócios nascentes) durante o evento. O CEO Sérgio Finger conta que o aporte ajudou a startup a crescer, tanto em time quanto em expansão de projetos.
Do bastidor ao pódio, já com outra robustez de negócio, a Trashin foi finalista na grande competição de startups do South Summit em 2023, saindo vencedora na categoria “Melhor time”. Um marco na história da empresa que hoje fatura R$ 10 milhões ao ano, e um selo que possibilitou contratar novos talentos.
Em 2025, a startup volta a assinar a gestão de resíduos do próprio South Summit, mostrando que a roda permanece a girar.
— É um divisor de águas para nós. Expandimos nossos tipos de serviços, de duas para cinco linhas de receitas, e ampliamos a vertical de eventos, que desenvolvemos a partir do South Summit. Somos 38 pessoas no time, atuamos em todos os Estados brasileiros e estamos com o olhar para a internacionalização — diz Finger.
Figurando entre as 50 finalistas de 2025, a startup Preto no Branco, de soluções em tecnologia, fará a sua estreia na grande competição deste ano. O momento é especial pois marca o reposicionamento da empresa após uma troca de nome e a evolução do projeto nos últimos quatro anos. As expectativas são grandes, diz o cofundador, João Vitor Severo da Silva, especialmente pelo quesito visibilidade:
— Não fosse o ecossistema, seriamos só mais um. O ambiente ajuda a crescer.
— Temos um produto relevante e escalonável, com outras iniciativas por trás, então o nosso objetivo é mostrar que somos mais do que uma empresa de tecnologia e sim uma visão empreendedora — acrescenta.

O Grupo RBS marcará presença na quarta edição do South Summit como Strategic Media Partner.
Ponto de virada
O movimento de expansão é semelhante para uma série de empresas e tem impulsionado a inovação como um todo no Rio Grande do Sul. O ponto de virada é a maior visibilidade para o que é produzido no Estado.
Antes, tínhamos que ir ao Sudeste mostrar o nosso trabalho. Agora, é esse pessoal que vem até nós.
SÉRGIO FINGER
CEO da Trashin
Secretária de Inovação, Ciência e Tecnologia do RS, Simone Stülp destaca a importância do South Summit como janela para o mundo. Por mais que o Rio Grande do Sul apareça em posições excelentes de rankings sobre startups no Brasil, ainda é preciso mostrar resultados para que outros atores se voltem a nós. Inclusive, de países vizinhos.
— Estamos nos constituindo como evento de potência dentro da América Latina. Começou com uma conexão com a Europa, afinal o South Summit nasce na Espanha, mas agora estreitamos relevância entre os latinos, que também é um polo. Isso reflete nos mercados das nossas startups — salienta a secretária.
Muito do processo se dá pelo amadurecimento do próprio ecossistema de inovação. Flavia Fiorin, gestora de operações e empreendedorismo no Tecnopuc, ambiente que é referência para a tecnologia no Estado, menciona como marco a convergência entre os atores. O grande impacto do South Summit para a inovação, diz, é que o evento “fura a bolha” das empresas, gerando impacto em toda a sociedade.
— Um grande avanço com a vinda do South Summit foi trazer uma perspectiva de negócios globais. Hoje vemos nossas empresas envolvidas com a preparação de sair do cercado. Estão preparando suas apresentações não só para os fundos que já conhecem, mas para ir além — analisa Flávia.
Na percepção dos especialistas, gente “cada vez mais qualificada” tem se mostrado interessada em desembarcar no Rio Grande do Sul para conhecer o South Summit. Mas não só ele. A marcação no calendário não fica restrita aos três dias de evento, fazendo com que empresas e investidores estendam a estadia para fazer reuniões e conhecer os ambientes de inovação instalados no Estado.
É o que a secretária de Inovação do RS chama de “efeito extramuros”. Embora a materialização do South Summit se dê em três dias, o seu efeito se prolonga o ano inteiro, no dia a dia das startups, na elaboração de políticas públicas para fomentar a inovação e até nas escolas.
Aceleração começa nas bases
Incluir a agenda na rotina do ambiente escolar está entre as estratégias para fomentar a cultura da inovação. Na rede pública estadual, a ferramenta é também uma forma de dar oportunidade aos estudantes.
Naomy Oliveira, organizadora do HackaTchê pela Secretaria de Educação do Estado, lembra que a participação das escolas no South Summit, em 2022, começou como novidade. Em 2023, a presença se consolidou, proporcionando que grandes atores olhassem para o potencial da educação pública no sistema inovador.
Já 2024 foi ano de expansão, inclusive com a chegada de investimentos. Neste ano, o projeto celebra o maior número de inscritos desde a primeira edição do evento. Foram 310 ao todo.
— Há um engajamento muito maior, com equipes inscritas de todas as coordenadorias de educação do Estado. É um marco — comenta a coordenadora.
O nome HackaTchê é uma referência a hackathon, termo em inglês que denomina as competições de inovação.
O reflexo da expansão está no desenvolvimento das ideias apresentadas. Os projetos são inscritos pelos alunos do Ensino Médio junto à secretaria no início do ano letivo. Depois, seis trabalhos são selecionados para estar no evento. Segundo Naomy, há uma mudança de pensamento em curso, visível pelo engajamento dos alunos com a possibilidade de criarem algo e de pensarem em soluções inovadoras.
— É muito bacana podermos iniciar esse diálogo. Nem só sobre carreiras do futuro, mas sobre como o mercado opera hoje. Não necessariamente os estudantes vão se tornar donos de startups, mas vão conseguir ter um desenvolvimento pessoal deles, ser empreendedor, criar algo. É um ganho para o estudante e para o seu entorno, porque há um impacto para todos. Fora o impacto no ecossistema, de ver o estudante de escola pública como uma possiblidade. É uma construção de pontes — diz Naomy.
Palco da inovação
Considerado um dos maiores eventos do ecossistema de inovação e negócios da América Latina, o South Summit tem transformado Porto Alegre num dos polos da cultura inovadora. Serão mais de mil investidores e 150 fundos de investimentos reunidos na edição deste ano, que contará com sete palcos de atrações e 38 mil metros quadrados.
Como participar
Os ingressos para o South Summit 2025 podem ser adquiridos no site oficial do evento, nas categorias Attendee (R$ 1.090), Business (R$ 3.899) e Executive (R$ 5.499), no quarto lote. Também é possível adquirir lotes corporativos com descontos.