Quando J. J. Benítez entrou na Sala dos Jacarandás, no Memorial do Rio Grande do Sul, ficou claro por que ele era um dos nomes mais aguardados desse fim de semana na Feira do Livro. O escritor espanhol foi ovacionado por aplausos de centenas de leitores, fãs da série Operação Cavalo de Troia, iniciada nos anos 1980 e com o último livro, Caná, lançado em 2011 no Brasil.
Quando se sentou para a conversa com o público no começo da noite de sábado, Benítez anunciou que não saberia muito bem sobre o que devia falar e que tudo estava em seus livros. No fim, transformou a fala em um discurso sobre suas obras e as pesquisas que realiza desde 1977 a respeito da vida de Jesus de Nazaré - sem deixar de polemizar.
Sucesso entre os anos 1980 e 1990 graças a sua série, Benítez hoje não está mais no ápice de sua popularidade, mas provou ser conhecido o bastante para ter protagonizado a palestra mais concorrida até agora Feira. Aos olhos de quem costuma participar dos encontros com escritores, o número de pessoas da plateia foi surpreendente. A fila para o acesso à sala da palestra tomou as escadarias e o hall do Memorial do Rio Grande do Sul, o que normalmente não se vê na Feira do Livro. Tudo para ver o grande, polêmico e consagrado autor espanhol.
Cavalo de Troia 9 - Caná foi a obra que encerrou a serie depois de outras oito. Mas o que marca essa última obra?
- É que pesa muito. Um quilo e 300 gramas - brincou o escritor.
Iniciada em 1987, a saga se completou somente no ano passado por um motivo. Segundo Benítez, em 2011, completaram-se 30 anos da morte do major da Força Aérea dos Estados Unidos no qual o escritor diz ter se inspirado em seus livros.
- Eu prometi que publicaria este último livro 30 anos após a morte do Major. Escrevi os outros de maneira que o último fosse lançado no aniversário de sua morte - revelou.
Apesar desse último livro da saga já ter sido lançado, o autor disse que não encerrou sua história sobre Jesus. Ele garantiu que tem material suficiente para mais três livros. O próximo deve ser lançado em abril, intitulado El dia del Relámpago.
Ficção ou não, Benitez tem um poder de atração que se demonstrou pelas pessoas que formaram as grandes filas para ouvir sobre suas teorias e estudos e, mais tarde, receber uma dedicatória. A professora Cleny Vescia de Souza, 77 anos, que fez fila para receber o autógrafo do escritor, leu todos os livros da Operação Cavalo de Troia.
- Sou apaixonada. Pra mim, tem muita realidade, pela busca e pelos milhares de quilômetros viajados atrás das histórias que relata - diz.
O que ele disse sobre...
...a Igreja:
"Há perseguição e crítica por parte dos setores mais conservadores. Suponho que é normal, pois estou atentando contra o seu negócio. A igreja vende salvação".
...a Bíblia:
"Ela é a palavra de homens. Eu gostaria de saber como a Bíblia seria escrita por uma mulher. Ela não é a palavra de Deus. Isso me traz muitos inimigos, mas tenho a obrigação de dizer o que penso".
...a Religião:
"Para mim, a única religião é a arte"
...a ufologia:
"Continuo fazendo as minhas investigações, mas em silêncio. Publicarei algum dia".
... a vocação:
"Eu não queria ser jornalista e nem escritor. Eu queria pintar".