
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu a permanência de Carlos Lupi no governo nesta quarta-feira (30). Ela afirmou que não há investigação formal contra o ministro da Previdência Social e que "não tem motivo para ser afastado". As informações são do jornal O Globo.
Gleisi também afirmou que quem vai escolher o novo nome à frente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — e não Lupi.
— Não tem nada contra o Lupi no inquérito. O presidente é sempre muito cauteloso em relação à presunção de inocência. Então se não tem nada que o envolve, não tem motivo para ser afastado. Ele está se defendendo, e obviamente se tiver alguma coisa que no futuro venha a envolvê-lo, não só ele, como qualquer outro ministro, será afastado — disse Gleisi em entrevista à GloboNews nesta quarta.
O ministério de Lupi em evidência após a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) descobrirem um esquema bilionário de desvios em aposentadorias e pensões do INSS.
O ex-presidente da autarquia, Alessandro Stefanutto, pediu demissão do cargo no dia 23 de abril. Ele já estava afastado do cargo por decisão judicial.
Fraude no INSS
Oposição pede abertura de CPI
O tema também repercute na Câmara. Deputados de oposição protocolaram, nesta quarta (30) um pedido para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o esquema de fraudes.
Para que a CPI seja instalada, ainda é preciso o aval do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ao todo, 185 parlamentares assinaram o requerimento.
Questionada, Gleisi disse que o governo vê "com tranquilidade" a investigação pelo congresso:
— Estamos muito tranquilos porque já estamos fazendo uma investigação. Eu duvido que a investigação de uma CPI seja mais aprofundada do que uma da Polícia Federal, como a que está sendo feita, e acho que a oposição também tem que se preocupar. A oposição foi governo, Rogério Marinho foi secretário nacional de Previdência e depois nomeou outra pessoa para a secretaria que virou ministro. Os problemas começaram nesse período.
Explicações de Lupi
Segundo a ministra, Lula não determinou que Lupi se manifestasse sobre a denúncia, mas "o governo espera que ele dê explicações".
— Agora que ele já esclareceu, acho que tem que se concentrar para adotar todas as medidas, essa é a orientação firme do presidente. Adotar todas as medidas para resolver essa situação.
Em uma reunião na Comissão de Previdência da Câmara dos Deputados, na terça-feira (29), o ministro defendeu a prisão de pessoas envolvidas no esquema de descontos sem autorização.
Ele foi convidado por deputados para prestar esclarecimentos sobre as irregularidades.
— Quem tiver roubado dinheiro de aposentado e pensionista tem que ir para a cadeia — disse o ministro.
Esquema
De acordo com a investigação, as associações ofereciam supostos serviços — como descontos em academias e planos de saúde — mas não dispunham de estrutura real para prestar tais benefícios.
Com isso, passavam a cobrar mensalidades indevidas diretamente dos benefícios dos aposentados e pensionistas, muitas vezes sem qualquer autorização. Em inúmeros casos, houve falsificação das assinaturas dos beneficiários do INSS, conforme a investigação.
Durante a operação, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado e posteriormente demitido do cargo. Além dele, outros cinco servidores públicos — a maioria com vínculos diretos com o instituto — também foram afastados de suas funções.