
No que agora é seu lar, depois de 10 meses vivendo em um abrigo no Ginásio de Esportes 15 de Novembro, em Cruzeiro do Sul, Jaqueline Guillandi mora numa das casas provisórias montadas pelo governo do Estado com a filha de 15 anos, seis cachorros e dois gatos. Os animais têm duas próprias casinhas, do lado de fora. Em um pequena floreira, plantou uma espada-de-são-Jorge, planta que, segundo a tradição, protege os moradores.
Ela cuida do pai enfermo, Taffarel, que mora numa casa colada à sua, e diz que está feliz por finalmente ter um canto pra chamar de seu.
— Aqui a gente tem privacidade, tem o fogão, a gente pode cozinhar e não precisa depender daquelas viandas. Temos nossa casinha para dormir — descreve Jaqueline emocionada.
A expectativa agora é ser contemplada com uma das casas definitivas que serão erguidas no bairro Novo Passo de Estrela, perto de onde estão as moradias provisórias. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, nesta quarta-feira (30), Jaqueline contou que há um ano estava trabalhando quando viu em um grupo de WhatsApp que a água do Taquari subia sem parar. O chefe autorizou que quem morasse nas áreas de risco fosse para casa recolher suas coisas e procurar abrigo.
— Corri para casa, arrumei tudo, ergui todas as minhas coisas para ir para o abrigo. Ninguém achou que ia ser tão grande a enchente. Eu ergui minhas coisas, só peguei uma sacola de roupas e fui para o ginásio do centro. Cheguei no ginásio e não tinha lugar. Nos levaram para o Ginásio 15 de Novembro. No outro dia, quando a água começou a baixar, a gente pensava: "vamos voltar pra casa". Fomos lá ver e não tinha mais nada.
Jaqueline morava no Passo de Estrela, o bairro que agora será um parque e um memorial.