O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, criticou a atuação do chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR) e responsável pelas investigações da Lava-Jato, Rodrigo Janot. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada nesta segunda-feira (7), o ministro afirmou que Janot "perdeu todas as condições de equilíbrio" para seguir no cargo e lhe desejou "uma boa viagem".
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Ao comentar a saída de Janot do cargo de procurador-geral da República em 17 de setembro, Gilmar Mendes ainda afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF), Corte da qual também é ministro, está muito dependente das denúncias do procurador.
– Essa coisa se personalizou de tal maneira que a gente só pode desejar ao procurador uma boa viagem. Ele perdeu todas condições de equilíbrio para continuar exercendo o cargo. Infelizmente, o sistema permite isso. Eu tenho criticado o Supremo Tribunal Federal, que ficou a reboque de impulsos do procurador-geral, permitindo a violação da lei de delação e uma série de abusos nessa área – disse Gilmar.
O presidente do TSE ainda revelou que se reuniu na noite do domingo, 6, com Michel Temer para "discutir a reforma política". O ministro do TSE disse defender o semipresidencialismo como forma de superar as crises políticas.
– Alguma coisa que mesclasse uma presidência com algum significado forte, mas que também valorizasse a governabilidade com um primeiro-ministro. Pensar um modelo francês-português que nos tirasse dessas crises continuadas que estamos envolvidos. Dos quatro presidentes da nova República, só dois terminaram o mandato integralmente – declarou.
Sobre a discussão do financiamento público de campanha, que deve girar em torno de R$ 2,8 bilhões, Gilmar declarou que fiscalizar um valor tão grande pode ser difícil. O modelo, para ele, trará novos desafios.
– A dificuldade agora é usar dinheiro público em um sistema aberto. Como vai distribuir? Qual é o critério? Essa é a pergunta que temos passado aos políticos. Essa questão está aberta – refletiu.