
Nossa indignação com o assassinato de nove mulheres (uma delas adolescente) no fim de semana da Páscoa não leva a lugar algum. Lamentamos, xingamos os covardes que matam suas companheiras e pedimos penas rigorosas para os que não cometem suicídio depois do crime, mas e daí? A preocupação precisa ser em como evitar que mais mulheres e meninas morram pelas mãos de homens insanos, que se consideram seus donos.
No Gaúcha Atualidade desta terça-feira (22), as delegadas Cristiane Ramos, diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher da Polícia Civil, e Silvia Sehn, diretora do Departamento de Tecnologia e Informação Policial, abordaram a importância de registrar ameaças e comportamentos agressivos e de solicitar medida protetiva. Nesses casos, o agressor passa a ser monitorado, usando tornozeleira, e quando se aproxima da vítima dispara um alarme na central da polícia.
Um ponto levantado por Cristiane chamou atenção para a necessidade urgente de o Estado dispor de um abrigo para garantir a segurança de mulheres. As cidades maiores têm abrigos em locais seguros, mantidos no anonimato, mas o que fazer com as do Interior ou mesmo da Região Metropolitana, que não têm para onde ir com os filhos? A resposta não pode ser simplesmente tirar o agressor de casa ou transferi-las para a casa de parentes, porque a mulher continuará vulnerável.
O Estado precisa, com urgência, dar um destino correto a prédios públicos que estão desocupados e podem ser transformados em abrigos, como fez durante a enchente com a Casa Violeta, que funcionou por um ano. Ali, mulheres em situação de vulnerabilidade ganharam uma casa com quartos individuais, refeitório, área de lazer e espaço para as crianças estudarem. Por que não usar a Casa Violeta como exemplo para oferecer proteção a mulheres vítimas da violência?
A coluna conversou com quatro secretários de Estado envolvidos de alguma forma com o tema da violência contra mulheres. Sandro Caron (Segurança), Fabrício Perucchin (Justiça), Beto Fantinel (Desenvolvimento Social) e Paula Mascarenhas (Relações Institucionais) concordam que a falta de abrigos é um problema a ser resolvido com urgência.
Esse seria o primeiro passo. O próximo é oferecer qualificação às mulheres e creche para as crianças, a fim de que possam ganhar independência econômica. Não é tarefa para uma secretaria só. Precisaria ser uma política de Estado. Nessa hora, se percebe a falta que faz uma secretaria para as mulheres, coordenando o mutirão, ouvindo as vítimas e propondo alternativas que não fiquem só no discurso.