O vereador Adiló Didomenico (PTB) não é mais um novato na Câmara de Caxias do Sul, mas é como se fosse. Dos quatro anos do seu primeiro mandato, que se encerra em 31 de dezembro, pouco mais de três anos foram dedicados ao Executivo. Em 1º de janeiro de 2013, logo após tomar posse no Legislativo, Adiló licenciou-se para assumir como secretário de Obras do governo do prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT). Retornou à Câmara somente em abril deste ano para poder concorrer novamente.
– Eu ainda não peguei toda a manha e, por ter vindo num período pré-eleitoral, as sessões têm outro caráter, muito pouco produtivas. Passada essa fase, tenho certeza de que vamos construir mais e melhor.
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Por isso, Adiló quer ficar no Legislativo nos próximos quatro anos. O petebista faz planos e já tem em mente algumas propostas e iniciativas que pretende tomar. Quer trabalhar em temas como a coleta mecanizada de lixo, cobrando a retomada da conteinerização, a criação de um mercado público no prédio da Maesa e de um novo distrito industrial em área próxima ao futuro aeroporto de Vila Oliva, além de apresentar sugestões ao Plano Diretor, que será revisto em 2017.
Mas não é só isso que move seu desejo em permanecer na Câmara. Ele admite que, ao fazer campanha durante esse ano, ouviu reclamações de eleitores por ter deixado o cargo de vereador para assumir uma secretaria.
– Fui pedir votos de novo e muitas pessoas me cobraram que votaram em mim e depois outra pessoa estava no meu lugar – conta.
Talvez esse tenha sido um dos motivos que fizeram a votação de Adiló diminuir neste ano. Mesmo assim, conquistou um caminhão de votos no último domingo: 5.481. Em 2012, quando se elegeu vereador pela primeira vez, recebeu 6.324 votos. O número expressivo o colocou mais uma vez no topo, sendo o terceiro parlamentar mais votado para a legislatura 2017-2020.
Adiló atribui a boa votação ao trabalho desenvolvido como secretário de Alceu e diretor da Codeca nas gestões do ex-prefeito José Ivo Sartori (PMDB) e também, claro, aos comerciantes e empresários. O vereador trabalhou durante 47 anos no ramo alimentício e conheceu muitas pessoas, que o elegeram tanto neste ano quanto em 2012. Além disso, Adiló tem histórico de atuação na área assistencial: ele foi presidente da Fundação Caxias em 1986 e 1987.
– Meu eleitor é um eleitor que acompanha o nosso trabalho. Também reconhecem que ficamos 24 horas com os telefones ligados. As pessoas têm confiança que, precisando, o Adiló vai atender – diz.
Amizade com Sartori
Natural de Marau, Adiló, 64 anos, mudou-se para Caxias aos 17 anos. Ele conta que chegou com "uma mão na frente e outra atrás" e morou na mesma pensão que Sartori, hoje governador. Ficaram amigos, apesar das diferenças políticas.
– Naquela época, nós divergíamos muito, porque o Sartori era "muito comunista". E eu até hoje não consigo conceber que o comunismo dê certo para alguém e acho que estava certo. Não sei se ele mudou de opinião – conta, rindo.
Amizade, aliás, é uma das coisas que Adiló mais preza. Gosta de estar com os amigos e de viajar. O vereador também adora praia. Por mais de 30 anos, veraneou em Tramandaí com a esposa Célia e os quatro filhos – Cíntia, 39, Diego, 35, Bianca, 34, e Gustavo, 25. Agora viúvo, ele diz que está tentando reconstruir a vida sem a companheira após 41 anos de casamento.
O vereador, que iniciou a militância ainda no movimento estudantil universitário, quando cursava Economia, não quis fazer herdeiros na política. Quando a filha Bianca quis participar do Diretório Acadêmico da faculdade, ele já avisou que era melhor sair fora.
– Quem faz a política correta, empobrece. A política é danada, te absorve, e o salário é baixo, por mais que as pessoas achem que é alto – justifica.
Então, por que continuar na política?
– Porque é uma cachaça. Depois que tu entra, é muito difícil sair. Por isso, incentivei meus filhos a não entrar na política. Tu cria laços de amizade, de compromisso. Como é que eu vou dar as costas para as pessoas que espontaneamente abraçaram a minha candidatura?
Bandeiras de Adiló
- Meio ambiente, como foco na questão do lixo.
- Criação de um mercado público no prédio da Maesa.
- Criação de um distrito industrial próximo ao futuro aeroporto de Vila Oliva.
Trajetória
- Diretor-presidente da Codeca entre 2005 e 2012.
- Secretário de Obras entre janeiro de 2013 e março de 2016.
- Vereador reeleito pelo PTB com 5.481 votos.