A partir de dezembro, a RS-122 terá o primeiro pórtico de cobrança automática de pedágio (free flow) em uma estrada estadual do país. A estrutura fica no km 108 da rodovia, próximo à ponte sobre o Rio das Antas, em Antônio Prado, e será também o primeiro ponto definitivo de cobrança no trecho administrado pela concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG). Até fevereiro, outros cinco arcos serão implantados, sendo três deles na Serra e dois no Vale do Caí.
Com o sistema automatizado, o motorista não precisará mais parar e aguardar a liberação de cancelas após o pagamento, ou ainda passar por uma pista exclusiva de cobrança sem parada. Todos os veículos que cruzarem os pórticos serão identificados e registrados. O pagamento pode ser encaminhado de duas formas: via tag de leitura automática, utilizada em pedágios tradicionais e estacionamentos, ou informando a placa em canais da concessionária.
Confira abaixo como utilizar cada forma de pagamento e esclareça as principais dúvidas a respeito do funcionamento do free flow:
O que é o free flow?
Ao contrário das tradicionais praças de pedágio, o free flow não tem uma barreira física na rodovia que interrompe a circulação. Em vez das cancelas, o sistema conta com pórticos equipados com câmeras e sensores que identificam a passagem dos veículos. Por meio da leitura de tags veiculares ou da placa, o sistema gera a cobrança automaticamente, sem necessidade de parada ou redução de velocidade. Os aparelhos também são capazes de identificar o tipo de veículo para definir qual tarifa deve ser aplicada. Caminhões, por exemplo, pagam mais caro.
UTILIZAÇÃO COM A TAG
Como funciona o pagamento?
A tag é uma espécie de adesivo com chip que deve ser fixado no para-brisa do veículo. Em veículos que possuem o dispositivo, a leitura ocorre automaticamente ao passar pelo sensores do pórtico de cobrança. Dessa forma, o valor do pedágio é lançado na conta do condutor ou proprietário do veículo na qual o adesivo estiver cadastrado. Atualmente, quase 50% dos usuários das rodovias da CSG já utilizam o sistema.
A tag tem custo? Como pago a fatura com os valores acumulados?
Até pouco tempo as tags ofereciam apenas planos com pagamento de mensalidade. Atualmente, já existem opções sem mensalidade, ideal para quem utiliza o serviço eventualmente. Os planos sem mensalidade normalmente são pré-pagos e o usuário precisa creditar valores na conta antes da viagem, com pagamento de taxas conforme montante escolhido. Essas taxas também variam de acordo a tag contratada.
Também há opções pré-pagas com recarga automática, em que há transferência automática de dinheiro assim que a conta atingir um valor mínimo programado. As recargas normalmente são realizadas por cartão de crédito, mas há empresas que oferecem a opção por pix e cartão de débito.
Também existe a opção de tags pós-pagas, que acumulam as tarifas em uma fatura mensal, em sistema semelhante ao de cartão de crédito. Nesses modelos normalmente há cobrança de mensalidade pelo serviço de tag. As tarifas dos pedágios são cobradas à parte. A fatura precisa ser paga posteriormente pelo usuário.
De acordo com plano e a empresa escolhida há cobrança pela compra da tag e benefícios adicionais, como uso em estacionamentos, auxílio ao motorista em caso de problemas nos veículo, entre outros.
E se tiver tag pré-paga e passar pelo pórtico com saldo insuficiente?
Quem opta pela modelo pré-pago precisa sempre conferir se há saldo suficiente antes de passar pelos pontos de cobrança. A ausência de valores na conta gera o bloqueio da tag, sem a possibilidade do débito aparecer como saldo devedor. Em pedágios tradicionais, isso faz com que a cancela não seja liberada até a recarga do saldo ou o pagamento manual. Consultada pela reportagem, uma das empresas que oferece o serviço de tag afirmou, por meio da central de atendimento, que a insuficiência de saldo também gera bloqueio da tag no sistema free flow, o que pode acarretar na necessidade de realizar o pagamento de forma manual, pela placa do veículo. O não pagamento no prazo resulta em multa (veja mais abaixo).
Quais tags podem ser utilizadas nos pedágios da Serra?
Os pontos de cobrança da CSG aceitam tags das empresas Move Mais, Taggy, Veloe, ConectCar e Sem Parar. Outras tags existentes no mercado, como as oferecidas por bancos, são consideradas tags parceiras e operam dentro da plataforma das empresas especializadas no sistema. Dessa forma, se ela trabalhar com uma das cinco empresas aceitas pela CSG, será possível utilizar nos pórticos da concessionária.
Onde obtenho a tag?
O adesivo pode ser solicitado pelo site ou plataformas digitais das empresas que oferecem o serviço. Dependendo do plano ou empresa, ela precisa ser comprada por cerca de R$ 40. Todas as empresas entregam o dispositivo no endereço escolhido pelo usuário, mas algumas oferecem a opção de retirada em estabelecimentos parceiros.
A tarifa com a tag é a mesma de quem não a utiliza?
Por previsão contratual, a CSG oferece desconto a veículos de passeio com tag, tanto nos pedágios físicos atuais, quanto nos futuros pórticos. A simples utilização do dispositivo garante redução de 5% no valor. O percentual aumenta conforme a frequência da passagem do veículo ao longo do mês em um mesmo sentido, chegando a 20% para 20 leituras ou mais. Veículos sem a tag, motos, ou veículos carga pagam tarifa cheia independente do número de passagens.
Pórtico de Antônio Prado
- Tarifa cheia: R$ 8,30
- Tarifa com tag: R$ 7,88
- Tarifa com tag na 20ª passagem ou posterior: R$ 6,64
UTILIZAÇÃO SEM A TAG
Como funciona o pagamento?
Quando o motorista não tem a tag, o registro de passagem do veículo ocorre por meio da placa. O pagamento pode ser realizado posteriormente pelo site ou aplicativo da CSG, digitando a placa. O sistema também estará disponível em totens nas cinco bases de serviços operacionais (BSOs) localizadas às margens das rodovias da área de concessão.
Para o futuro, se prevê ainda convênio com estabelecimentos comerciais, como lanchonetes ou postos de combustível, que irão receber os valores devidos. Outra possibilidade a ser implantada é realizar um cadastro no site ou aplicativo da concessionária e inserir créditos antecipadamente. Nesse caso, o valor será descontado quando houver a passagem pelo pórtico.
Qual o prazo para pagamento? E se o motorista não pagar?
O não pagamento da tarifa no período de 15 dias é considerada infração grave de trânsito por evasão de pedágio. Isso resulta em multa de R$ 195,23 e cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O pagamento da multa não elimina o débito com a concessionária. Ainda assim, a legislação prevê o repasse de ao menos parte do valor arrecadado com as multas à concessionária para ressarcir tarifas não pagas por motoristas.
Onde ficarão os pórticos de cobrança?
O sistema será implantado em duas etapas. A primeira prevê as estruturas nos pontos onde seriam construídas as praças de pedágio físicas. Isso inclui as que mudariam de endereço, caso das atuais cancelas de Portão, que irão para São Sebastião do Caí, e de Flores da Cunha, que ficará no km 108 da RS-122, próxima à ponte sobre o Rio das Antas.
Uma vez implantados todos os pórticos, terá início um período de dois anos de estudos de fluxo e de custo do sistema. Com os dados reunidos, será possível avaliar a possibilidade de implantação de mais pórticos, que permitirão a cobrança proporcional à distância percorrida. Sem os dados, contudo, não é possível projetar onde os pórticos adicionais seriam instalados.
Pontos atuais e valores
- Atualmente em Portão (RS-240), sentido Serra-Capital, será em São Sebastião do Caí (km 4,6 da RS-122), em ambos os sentidos: R$ 11,90
- Flores da Cunha (no km 100 da RS-122), sentido Flores-Antônio Prado, mudará para o km 108, em ambos os sentidos: R$ 8,30
Novos pontos*:
- Ipê (km 151,9 da RS-122): R$ 6,89
- Farroupilha (km 45,5 da RS-122): R$ 8,50
- Carlos Barbosa (km 6,5 da RS-446): R$ 7,85
- Capela de Santana (km 30,1 da RS-240): R$ 7,19
* Tarifas serão atualizadas com a inflação, com base de janeiro de 2020
Como está a implantação?
Além do pórtico do km 108 da RS-122, em Antônio Prado, que será o primeiro a ser ativado, em dezembro, já foram instalados arcos no km 151,9, da RS-122, em Ipê, e no km 6,5 da RS-446, em Carlos Barbosa. Até o fim do ano serão instaladas as estruturas no km 45,5 da RS-122, em Farroupilha, no km 4,6 da RS-122, em São Sebastião do Caí, e no km 30,1 da RS-240, em Capela de Santana. Os outros cinco pórticos serão ativados em fevereiro de 2024.
Se houver economia de custos com a operação do modelo, haverá compensação na tarifa?
Conforme a CSG e o governo do Estado, qualquer economia de custo por ganho de eficiência com o sistema de cobrança será repassado à tarifa posteriormente. Outra possibilidade é a inclusão de alguma obra não prevista originalmente.