Os desfiles cênicos musicais da Festa da Uva estão sendo, mais do que espetáculos, uma boa oportunidade para comerciantes receberem um ganho extra, em Caxias do Sul. De pipoca, a churrasquinhos e cachorro-quente, há guloseimas para todos os gostos e de preços diversificados ao longo da Rua Sinimbu. Em geral, os relatos são de boas vendas durante as mais de duas horas de atração.
Conhecido pela comercialização de espetinhos no entorno dos estádios Centenário e Alfredo Jaconi, Marco Antônio De Carli Toigo, 64 anos, conta que vende, em média, 150 produtos por desfile, entre bebidas (refrigerante e água) e espetinhos — sendo o churrasquinho de carne de gado o preferido dos clientes. Ele aposta na simpatia e no preço justo para manter a clientela, afinal, já são mais de 30 anos de trabalho na principal festa da cidade. As vendas ocorrem com a ajuda da esposa e da filha.
— Comecei lá em 1990, com o carrinho de picolé. É uma vida. Agora em julho faço 65 anos, pego minha aposentadoria e vamos conhecer o Brasil. A receita é fazer com carinho, não ser ganancioso e ser dentro da lei — avalia Marco Antônio, acrescentando que, mesmo aposentado, não irá parar de trabalhar e pretende ofertar camarão à milanesa aos clientes.
Quem também reúne a família em torno do negócio é a vendedora Cariane Araujo dos Santos, 29 anos. Com os três filhos e o marido, ela comercializa pipoca doce e salgada, algodão-doce, além de refrigerante, água, balões e acessórios infantis. Aos finais de semana, Cariane tem ponto fixo no Parque dos Macaquinhos.
— Está saindo bem, até mais que a gente imaginou. O pessoal gosta de comer a pipoca enquanto vê o desfile. No primeiro (dia da atração), saiu uns 200 saquinhos — conta Cariane, dizendo que o número maior de vendas ocorre antes do espetáculo.
Eramar da Rosa, 46 anos, é um pouco mais cauteloso ao falar das vendas de cachorro-quente na Kombi personalizada. Ele relata que comercializa, em média, de 60 a 70 unidades, mas que esperava números melhores. Com 30 anos de experiência, ele mantém ponto fixo na perimetral durante a noite.
— Não dá para reclamar, está difícil para todo mundo. É uma venda média, até porque hoje não dá para repassar todo o custo para o cliente. As embalagens estão muito caras — comenta ele, que trabalha sozinho para reduzir ainda mais os gastos.
Carregando um carrinho de bebidas com mais de 50 anos de história, a moradora do bairro Cristo Redentor, Michele de Souza, 28 anos, revela que os maiores concorrentes, às vezes, são os próprios clientes, já que é bem comum ver os espectadores do Desfile Cênico Musical com chimarrão, água e refrigerante trazidos de casa no entorno da Rua Sinimbu.
Para atrair o público, Michele faz parceria com o amigo Jonatan Vicentini, 20 anos: enquanto ele oferta o cachorro-quente, ela disponibiliza água e refrigerante.
—Eu percebo que o melhor movimento é no final de semana. Mas não dá para reclamar e, como está calor, o pessoal se obriga a tomar alguma coisa. O que mais sai é água —detalha.
Secretaria emitiu 14 licenças
Quatorze ambulantes manifestaram interesse em trabalhar no entorno dos pavilhões e durante os desfiles da 33ª Festa da Uva. Para vender seus produtos, eles tiveram que solicitar licenças junto à Secretaria Municipal do Urbanismo. Uma das regras previstas é a não comercialização de bebida alcoólica.
Nos desfiles, está sendo permitida a venda ao longo da Rua Sinimbu, entre as ruas Guia Lopes e Visconde de Pelotas.
Último desfile percorre a Rua Sinimbu no sábado
O último Desfile Cênico Musical da 33ª Festa da Uva está previsto para ocorrer às 20h de sábado (5). O desfile é gratuito. Para quem optar em ir nas arquibancadas, o valor do ingresso é R$ 40 e a meia-entrada custa R$ 20. O corso alegórico percorre a Rua Sinimbu, a partir da esquina com a Rua Alfredo Chaves, até a Rua Dr Montaury.