A morte do menino caxiense que doou o coração a uma menina de 11 anos que mora em Curitiba (PR) foi decorrente de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, que ocorre quando há o rompimento de um vaso sanguíneo, provocando sangramento cerebral.
A informação foi repassada pela neurologista Paula Gasperin, que acompanhou o caso e afirma, entretanto, que os exames não diagnosticaram se a causa do AVC se deu em decorrência de um aneurisma cerebral ou de uma malformação arteriovenosa (MAV), quando há um entrelaçamento de artérias e veias no cérebro:
— Essas malformações são condições raras e muitas vezes estão atribuídas a algumas doenças genéticas. Então, quando isso acontece numa criança, é preciso também investigar os demais parentes da família, por exemplo.
Conforme explica Paula, o aneurisma é uma dilatação de uma artéria do cérebro. Em casos que acometem crianças, o aneurisma e a malformação arteriovenosa são alterações congênitas, ou seja, a criança nasce com essa predisposição. No caso de adultos, os aneurismas podem também ser genéticos, mas geralmente são secundários a algum fator de risco, como sedentarismo, tabagismo, uso de álcool, hipertensão arterial ou diabetes, por exemplo.
— A prevenção de um aneurisma depende da faixa etária. Por ser uma condição genética, não há como prevenir em crianças. Já em adultos, a prevenção se dá por meio do controle dos fatores de risco — diz.
Atenção aos sinais
Alguns exames são fundamentais para o diagnóstico de aneurisma cerebral, como tomografia ou angiotomografia, onde é feito um estudo das artérias intracranianas. Porém, a neurologista diz que muitas vezes o aneurisma é assintomático na sua fase inicial.
— É importante se ater a alguns sinais que podem sugerir um aneurisma. O principal deles é uma dor de cabeça muito forte. Uma dor que desperta a pessoa no meio da noite, por exemplo, é um sinal de alerta. Entretanto, muitas vezes eles não demonstram sinal nenhum e a gente pode estar descobrindo ao acaso — afirma.
Ao sentir uma dor de cabeça, independente da intensidade, a médica orienta a buscar ajuda de um especialista para avaliar a necessidade de exames de imagem.
— É sempre importante avaliar e não ignorar essa dor — recomenda.
Segundo Paula, o aneurisma pode evoluir para um AVC. Conforme ela, cerca de 20% dos casos de AVC em adultos é do tipo hemorrágico, sendo menos comum do que o isquêmico, que é o tipo de AVC onde há um entupimento da artéria. Já em crianças, 50% dos AVCs são hemorrágicos, sendo mais comum do que em adultos. No caso do menino caxiense, não houve diagnóstico porque ele era assintomático.
Tratamento precisa ser avaliado caso a caso
Diagnosticado o aneurisma cerebral, a indicação cirúrgica precisa levar em conta a localização do aneurisma, seu tamanho e as condições clínicas do paciente.
Nos casos em que a cirurgia é indicada, o procedimento pode ser realizado via cateterismo ou de forma aberta, onde a porção mais estreita do aneurisma é fechada por um clipe metálico, evitando o rompimento do aneurisma.