O ano de 2021 que está terminando foi mortal, polêmico e de muita agulha no braço. Depois dos piores momentos da pandemia do coronavírus durante o primeiro trimestre, a imunização cresceu no país e comprovou em números a sua eficácia. A expectativa, apesar da explosão de casos da variante Ômicron no mundo, principalmente na Europa, é de um 2022 mais tranquilo e com a retomada de uma vida "quase normal".
Esperança e medo
Enquanto os países do mundo já vacinavam suas populações contra a covid-19 em janeiro, a briga política brasileira sobre quando e qual o imunizante aplicado chegou ao fim em 17 de janeiro. São Paulo deu o primeiro passo para a vacinação com a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan.
Começava com a enfermeira Mônica Calazans a campanha nacional. Em Caxias, a primeira dose foi aplicada dois dias depois, quando o médico Gilmar Padilha Flores, 58 anos, recebeu a vacina contra a covid-19. Ao mesmo tempo, o Amazonas vivia um crescimento exponencial com a descoberta da variante Gama, faltando oxigênio nos hospitais.
A variante brasileira
O Rio Grande do Sul foi do céu ao inferno em fevereiro de 2021. Os números caíram drasticamente, a sensação com a vacinação andando a passos lentos foi interpretada de forma errada e o Carnaval fez a variante Gama se disseminar no Sul. Os casos foram disparando a partir do dia 19, o que fez com o que Estado entrasse em bandeira preta, a pior das restrições na época. Como medida adotada, uma espécie de toque de recolher foi imposta e nenhum estabelecimento comercial poderia funcionar depois das 20h, exceto as farmácias. As regras derrubaram muitos setores, principalmente o da alimentação.
O caos
A mortalidade em março foi excessiva. Regionalmente, foram 773 óbitos por coronavírus. Os dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Caxias do Sul também apontaram para números expressivos: 4.672 pacientes positivos para a covid-19 simultaneamente. Foi o recorde, tanto quanto as filas nos hospitais com pessoas aguardando por leitos de UTI. As instituições viraram grandes centros para tratamento de coronavírus, quase impossibilitando as internações por outras enfermidades. Março foi o mês do caos.
Recomeços
Se em abril os números ainda estavam longe dos ideais — 485 registros na Serra —, o governo do Estado transformou a educação em serviço essencial e ali começou a retomada de alunos nas escolas. A área foi uma das que mais pressionou pela reabertura, já que pelos decretos de bandeira preta, as instituições também não poderiam funcionar de forma presencial. No final do mês, as aulas no ensino privado foram retomadas.
Enfim, a Pfizer
O mês de maio representou a chegada de mais uma vacina contra o coronavírus ao Rio Grande do Sul: a Pfizer. Só que ela também envolveu problemas logísticos, já que para o armazenamento eram necessários ultrafreezers que chegassem à temperatura de -70ºC. Por isso, a Serra recebeu o imunizante somente na segunda quinzena.
O período também foi de troca no sistema de regramento da pandemia. O Estado deu fim ao Distanciamento Controlado e às bandeiras e adotou o 3As (Aviso, Alerta e Ação), um sistema mais maleável que pretendia simplificar os protocolos. Apesar disso, também gerou polêmicas.
Caxias do Sul e as mil vidas perdidas
Mal chegou à metade do ano e Caxias do Sul atingia a triste marca de mil vidas perdidas para o coronavírus. A cidade até hoje é a terceira com maior número de mortes pela infecção, também pelo fato de ser a maior do interior de Estado. Ao mesmo tempo, a Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) entregou um plano de contingenciamento ao Sistema 3As, com restrições de funcionamento para os setores de alimentação e entretenimento. As lotações nos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) também voltaram mais fortes, refletindo nas mortes (aumento de 25% na região).
Internações em queda
Julho foi o primeiro mês de 2021 em que os números apresentaram queda nas internações, apesar de o período ter começado com lotações nas principais cidades da Serra. Os registros de mortes caíram para 253 em 31 dias e a vacinação começava a dar resultados. Ao mesmo tempo, os primeiros casos da variante Delta no Rio Grande do Sul foram registradas em Gramado. Além de tudo, os dados apontaram para uma contaminação comunitária. Isso fez a cidade turística apertar seus protocolos, criando barreiras sanitárias e pedindo mais doses de imunizantes.
Todas as cidades com mortes
Uma mulher de 61 anos foi a única vítima do coronavírus no pequeno município de Guabiju, em agosto. A cidade na encosta da Serra foi a última a registrar pelo menos uma morte por covid-19 após 17 meses de pandemia na região. Naquele momento, o município se juntava a André da Rocha e União da Serra, as outras duas cidades com os menores números e taxas da pandemia.
Terceira dose
A vacinação talvez tenha sido o grande tema do último quadrimestre de 2021, amplificado pelos surtos em asilos, como os de Nova Petrópolis e Caxias do Sul. A eficácia dos imunizantes nos idosos foi debatida e, no dia 10 de setembro, o público começou a receber a terceira dose em Caxias. Outro destaque foi o avanço nos pequenos municípios, que atingiram suas metas vacinais de forma muito mais rápida do que nas grandes cidades.
Passaporte vacinal, a polêmica
Caxias já tinha um projeto inicial para a exigência da comprovação vacinal para casas noturnas. Ainda que de forma tímida, a cidade liberava os empreendimentos a trabalharem além da 1h. No dia 18 de outubro, o governo do Estado colocou em vigor um projeto para diversas atividades que geravam aglomerações. Não faltaram polêmicas para o passaporte vacinal, o qual foi considerado arbitrário por muitos. Gramado, por exemplo, se viu prejudicada ao exigir o documento aos turistas.
Novas regras no Estado
Em novembro, considerando a pandemia já controlada, o Estado flexibilizou ainda mais as regras e favoreceu as cidades em que a imunização estava bem adiantada. Municípios com mais de 90% da população com esquema vacinal completo começaram a flexibilizar o passaporte vacinal. Novamente, ficou escancarada a diferença do andamento da vacinação na Serra. Enquanto Gramado chegava aos 90%, Caxias sequer havia passado dos 80%. A maior cidade da Serra buscou formas de ampliar o público, com a iniciativa do vacimóvel. Uma forma de ir até as comunidades sem UBS próximas e com menor taxa de imunizados.
Ano termina com a variante Ômicron
O ano está terminando com todas as estatísticas do coronavírus em baixa, de infectados a óbitos no Rio Grande do Sul. A situação permitiu até mesmo que as pastas municipais da saúde retomassem cirurgias eletivas e tantos outros tratamentos que ficaram de lado durante os piores momentos da pandemia.
Ao mesmo tempo, os casos da nova variante Ômicron têm aumentado diariamente. Enquanto isso, o Rio Grande do Sul aguarda por uma virada de ano bem mais tranquila do que em 2020, mas ainda correndo atrás da vacinação das pessoas que estão com as doses atrasadas.