O santuário italiano de Caravaggio, localizado na cidade homônima, na província de Bergamo, nas proximidades de Milão, impressiona pela suntuosidade. O prédio tem 93 metros de comprimento, 33 de largura e 22 de altura - sem a cúpula, que se eleva a 64 metros do solo, com castanheiras plantadas no pátio.
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Na avenida que dá acesso ao tempo, está um obelisco e uma fonte com quase 50 metros de comprimento. A água dessa fonte passa sob o Santuário e, em seu curso, recolhe a Fonte Sagrada.
O interior do templo é pelo menos três vezes maior que o de Farroupilha. O altar tem quatro lados e está no centro da igreja, possibilitando aos fiéis assistirem às missas com visões diferentes. A imagem da santa está embaixo do altar, e a escultura traz um rosário doado em 1992 pelo Papa João Paulo II, que inaugurou a capela e o centro de espiritualidade do lugar.
O maior movimento concentra-se na fonte, sob a igreja. Cinco torneias jorram a água que teria brotado depois da aparição da santa, como prova do milagre e da abundância.
O tamanho da igreja, no entanto, é desproporcional ao movimento que ela recebe. O pároco italiano Dom Tonino Bini explica que, quando o dia 26 de maio cai num domingo, a festa da santa atrai cerca de 7 mil fiéis - as romarias em Farroupilha chegam a receber 200 mil pessoas. O santuário italiano inicia a programação de peregrinações solenes, na primeira segunda-feira depois da Páscoa.
Por lá, a maior movimentação ocorre nas duas semanas anteriores ao 26 de maio. Dom Tonino diz que no dia 17 de maio tem início uma novena, com nove dias de festa, rezas, missas, rosários e preparação. O auge do movimento no santuário italiano é às 17 horas do dia 26 de maio, hora exata da aparição da santa.
- Nessa hora, se canta a Ave Maris Stella, o bispo benze a água, bem como aqueles que estão presentes na igreja, e sai para benzer os que estão fora. Esse é o ponto culminante da festa - diz, lembrando que boa parte da devoção e dos peregrinos que eles recebem se deve aos imigrantes. - Eles saíram daqui, mas levaram imagens que deram origem a outros santuários - completa.
Como a religiosidade é um dos pilares da imigração italiana no Sul do Brasil, é natural que essa devoção tenha se difundido muito. Segundo o bispo diocesano Dom Alessandro Ruffinoni, os italianos que chegaram ao Brasil viviam, nos primeiros anos, uma situação de dificuldade - apesar de terem terra e trabalho. A religião era a maneira de promover a união e o convívio entre eles, que se viam tanto para rezar o terço quanto para realizar festas aos padroeiros das capelas.
- A fé os ajudou muito e ainda é importante e presente na região. Mas hoje a religiosidade é mais crítica, provocada talvez pela mistura cultural - relata o bispo.
Italianos da Serra
Santuário de Caravaggio na Itália recebe 30 vezes menos fiéis que o de Farroupilha
Tamanho do templo é desproporcional à peregrinação
Tríssia Ordovás Sartori
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