Tem vezes que eu acho que estou ficando louco. De modo geral, a ideia vem quando alguma coisa acontece (ou várias delas) e o meu estoque de autocontrole definitivamente está em baixa. Eu bem que tento lidar com toda a carga emocional, mas tem vezes que eu simplesmente transbordo sem nem saber o que vai acontecer com as partes de mim que escaparam por aí.
A minha vida poderia ser resumida em A.P (Antes da Psicologia) e D.P (Depois da Psicologia). E, antes que fique qualquer dúvida: não, nenhum psicólogo está patrocinando esta coluna. Acontece que até os meus 23 anos eu sempre achei que todos esses profissionais eram uns charlatões — e do melhor tipo. "Até parece que eu vou pagar uma boa grana para sentar em um sofá e ficar contando toda a minha vida para alguém que eu nem conheço enquanto ele balança a cabeça. Eu nem mesmo conseguiria ter coragem de abrir a boca".
Pelo menos era o que eu dizia.
Eis que caí na sala da psicóloga de paraquedas, depois de um voo livre malsucedido. Nessas horas a gente apela para todos os santos - e ciências. Ainda sustentado por todas as minhas ressalvas, sentei no sofá designado e esperei os próximos comandos. A psicóloga me acolheu da melhor forma possível, mas ainda assim eu não sabia direito o que fazer. Nós entraríamos sem mais nem menos no meu problema mais urgente? Ela tentaria conhecer em uma hora quem eu vinha sendo durante 23 anos? Quis desistir antes mesmo de começar.
Recebi uma pergunta simples. Na lata. "Por que é que você está aqui?". E, sendo bem sincero, essa foi a última das perguntas que imaginei que teria que responder. Eu estava pronto para passar o meu currículo, choramingar pelo probleminha (que no momento era problemão) em questão, mas... Bem, eu precisava de uma resposta. Sendo assim, "acho que eu estou ficando louco" foi a minha escolha.
Os três anos de terapia foram a prova de que, sim, eu estava errado. A psicologia é uma ciência capaz de nos ajudar a partir do momento que conseguimos nos conhecer melhor. E, sim, é bem diferente de conversar com amigos ou falar consigo em voz alta no seu quarto a portas fechadas. Eu ainda não sei explicar qual é a mágica por trás de tudo, mas sei que ela existe.
Ademais, hoje em dia eu tenho quase certeza que estou ficando louco outra vez. Talvez seja porque tive que dar um tempo na terapia, o que me faz muita falta. Só não beiro a completa loucura porque, nesse meio tempo, me apaixonei tanto que resolvi me aprofundar na área da Psicanálise, e os estudos, de alguma forma, auxiliam a auto compreensão.
Se bem que Freud era louquíssimo. E eu praticamente vivo lendo Freud.
Ai meu Deus. Estou ficando louco de verdade.
Leia Também:
Veja como participar do concurso cultural do Pioneiro que premiará duas mamães com um dia especial
Tríssia Ordovás Sartori: Sincronizar expectativas
Confira a programação cultural deste final de semana na serra
Dia da Criatividade ganha programação neste sábado em Caxias do Sul
Vivita Cartier ganhará biografia no ano do centenário de morte
Roteiro L'Amore Di Colonia conduz visitantes em um passeio por paisagens e lembranças no interior de Carlos Barbosa
Pedro Guerra: Entrei na academia
Tríssia Ordovás Sartori: Nossas idiossincrasias