Falava com alguns amigos sobre os diversos tapas na cara que tomei durante o último ano – e olha que eu deixei de lado os literais. O balanço feito foi necessário, assim como todos os tapas. Sendo assim, um fato: eu levei tapas fenomenais. Alguns deles, arrisco a dizer que deveria ter tomado em dobro. Até porque, são nesses momentos de choque que a gente aprende.
Nunca fui um grande apaixonado pela Física, porém acredito que consigo explicar facilmente: toda vez que um corpo promove uma ação sobre outro corpo, este último reage. Sim, eu estou falando da Terceira Lei de Newton. Sim, ela é totalmente aplicável às pessoas.
Quando eu levo um tapa na cara, metaforicamente falando, de alguém ou até mesmo da própria vida, a minha tendência é reagir. É instinto humano, é Física. Nem sempre acaba sendo da melhor forma, porque tem vezes que nós relutamos em mudar, seguir em frente, avaliar a nossa conduta e até mesmo modificar valores e princípios que cultivamos durante anos. Porém, quando a reação urge no lado de dentro e enfim é externada, somos um corpo totalmente diferente.
Com cada tapa na cara que levei eu aprendi que a vida não vai me parar no meio do caminho para oferecer um copo de água. É preciso ser resistente, ignorar a sede e vencer o percurso. Quando a gente cruza a linha da chegada, tudo começa outra vez. Estamos de imediato inseridos em uma nova corrida – contra o tempo, contra as oportunidades, contra os solavancos, contra as ameaças, contra as outras pessoas. É um ciclo. Nem sempre estamos com o nosso melhor preparo físico, e é justamente aí que reside o desafio: você tem que correr todos os dias, mesmo que nunca tenha treinado para isso. Essa é a vida, é assim que ela se apresenta.
Não falo só das coisas ruins. Esse desafio todo nos fortalece. E é por isso mesmo que eu sou grato por cada tapa na cara que levei, a cada desafio que me propus entrar.
Hoje eu sou melhor porque, lá atrás, aprendi. Com puxão de orelha, com grito, com exemplo, com educação, com tapa na cara. Tudo metafórico, tudo literal. Apanhar dói, sim. Ficar frente a frente com o próprio erro, aceitá-lo e procurar maneiras de melhorá-lo dói mais ainda. Em contrapartida, ignorar nossos erros não dói nada – e é por isso mesmo que tanta gente pensa estar tão certa. É por isso mesmo que algumas pessoas os camuflam e seguem adiante. Mas ali na frente, na primeira parada que essas pessoas fizerem, à espera de um simples copo de água, elas irão entender que a vida não vai estar lá para oferecê-lo. E este será, sim, o maior de todos os tapas na cara.
E como dói.