Se alguém fecha a frente do meu carro quando estou dirigindo, não preciso revidar com grosserias ou persegui-lo para tomar satisfação. Se respondem de maneira ríspida a uma pergunta que faço, não há necessidade de despejar palavras de baixo calão, pois assim estarei me igualando a eles, numa atitude que considero desprezível. Há uma infinidade de exemplos que podem nos mostrar que a inteligência tem que se sobrepor à impulsividade. Sim, a conduta mais imediata costuma ser a de rebater no mesmo tom a agressividade com que determinadas situações nos atingem emocionalmente. Mas, agindo dessa maneira, não estaremos nos tornando mais admiráveis aos olhos de outrem e, mais importante, aos nossos próprios. O que nós, ocidentais, costumamos chamar de passividade, impregnando o conceito de sentidos negativos, para um oriental treinado na contenção de sua raiva simplesmente representará algo sem relevância. A questão é saber até que ponto somos tocados pela ofensiva alheia. Contrapor com a mesma linguagem ou deixar-se envolver pelo que o outro faz, pela sua postura, só enfraquece o propósito de nos tornarmos melhores, refinando comportamentos que tendem a ser belicosos.
Opinião
Gilmar Marcílio: não sou o outro
A questão é saber até que ponto somos tocados pela ofensiva alheia
Gilmar Marcílio
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