Matheus Brasileiro Aguiar, mais conhecido como Matuê — ou, para os mais íntimos ainda, apenas Tuê — estourou para o grande público em 2017, com o single Anos Luz. De lá para cá, virou um fenômeno e, hoje, é um dos maiores expoentes do trap nacional.
E foi com este status que o artista subiu novamente ao palco do Planeta Atlântida — foi a sua quarta participação no evento — nos últimos minutos do sábado (1º), às 23h56min, na reta final do festival. Ele deu sequência à contemplação do trap promovida pelo festival, que se iniciou na noite anterior, com Filipe Ret.
A apresentação de Matuê foi conduzida pela turnê 333, que tem como base o álbum homônimo do trapper, lançado em setembro do ano passado e que se tornou um sucesso instantâneo — chegando, inclusive, ao Top 1 global do Spotify. Uma das faixas do disco que figuraram no show foi Crack com Mussilon, que contém um trecho em que o artista cearense crava: “Fazer dinheiro eu sei que eu tenho o dom”. O que, realmente, não é da boca para fora.
Tuê já tem a sua gravadora, a 30praum, a qual dá preferência para artistas do Nordeste. Teto, Wiu e Brandão, que também se apresentaram no festival este ano, no palco Atlântida, estão entre os contratados.
A primeira música apresentada por Matuê no Planeta foi Vampiro, que é uma parceria dele com seus fiéis escudeiros da 30praum. E já ditou o clima da festa ali mesmo: “Ninguém paga minha luz, por isso que ela é minha / Sou um ser de luz e ela brilha sozinha / Mais de mil ret no estúdio, hit nóis cozinha / Quem manda é a 30, quero ver subir, subir lá”.
E a galera da plateia concordou totalmente. O público, majoritariamente jovem, acotovelava-se na grade, querendo estar o mais próximo possível do artista.
A sequência do show ainda trouxe várias faixas do 333, mas também abriu espaço para as consagradas de Tuê, como É Sal, Conexões de Máfia e a já citada Anos Luz. Já era 0h05min de domingo (2) e o trapper pediu para a plateia erguer os celulares com a lanterna ligada para cantar a empolgante e com batidas pesadas Quer Voar, de 2021. A Saba se tornou instantaneamente um mar de luzinhas, como fiéis acendendo velas para o seu santo. E foi impressionante a devoção, pois a cada encerramento de canção, o público gritava eufórico. Claro, não faltaram, ao longo da apresentação, coros indo de “Tuê, eu te amo!” a “gostoso”.
Para interpretar Isso é Sério, parceria com Brandão, seu contratado da 30praum, ele chamou o próprio para o palco. E, juntos, demonstraram um certo descontentamento com alguém: “Você é um vacilão, nóis vai te limar / Você é um vacilão, nóis vai te limar”. Mas também não faltou espaço para os apaixonados, com o dono do palco, cantando, por exemplo, Maria: “Viajar com você é minha terapia / Em outra vida eu já te conhecia / Traz a vibe santa sua luz me irradia / Você é o sol me dizendo bom dia”.
Em momento de interação, ele fez questão de agradecer aos presentes e afirmar que, ao longo de sua carreira, aprendei a apreciar “o agora”. E fez questão de enaltecer a importância do festival:
— Todo mundo que está aqui neste palco, sonhou em estar aqui. Planeta Atlântida, histórico, tá ligado?
Acompanhado por um saxofonista e um guitarrista, o show de Tuê mostrou que o artista, ao longo de sua carreira, foi aprimorando a o uso do auto-tune e conseguiu equilibrar a sua voz com o recurso, que é uma das bases do trap. Isso valorizou a apresentação, pois todas as palavras proferidas pelo artista cearense são facilmente compreendidas — não que alguém da linha de frente da Saba não soubesse de cor cada letra cantada pelo astro.
E, quando emplacou a sua vibrante Kenny G, enquanto vestia uma camiseta da cantora islandesa Björk, de óculos escuros e um correntão de ouro no pescoço, exaltou um dos personagens mais aclamados da noite:
— Tuê? Tuê é do caralh* / Quem não é Tuê, é carta fora do baralho / Chamada a Tuêzada que quer ficar Tuêzado /E quem não tá com nóis pode ir pra casa do caralh*.
Ah, e a camiseta da Björk, Matuê tirou para interpretar a última música do show, 777-666. E, claro, os fãs enlouqueceram.