Existem inúmeras maneiras de nos relacionarmos com os outros. Uma das mais elegantes é fazer com que a nossa linguagem se aproxime ao máximo daquela utilizada pela pessoa com a qual interagimos. Ao não promover esse esforço, estamos revelando um traço de arrogância, tentando despejar sobre os demais algum tipo de conhecimento que pode interessar somente a nós. É louvável compartilhar o que aprendemos, desde que com humildade, sabendo que em cada um de nós há vastidões ocupadas unicamente pela nossa ignorância. Sempre me sinto incomodado quando se aproximam com um discurso empolado, querendo impressionar com palavras de uso pouco corriqueiro. Não haverá por trás uma enorme insegurança? Quando temos pouco a oferecer, usamos a linguagem como o único recurso para aparentar uma pretensa superioridade. Comigo não funciona. Vejo mais nobreza naqueles que, possuidores de vasta erudição, conseguem se fazer entender por todos, indiscriminadamente. Fujo dos seres enciclopédicos, pois o risco de me entediar é enorme. Bonito mesmo é descer desses falsos degraus forrados de palavras complicadas que poucos sequer imaginam o que significam. Vamos aprender a ouvir com delicadeza o que o outro quer nos dizer. Sem precisar se valer de uma voz grandiloquente para proferir sentenças que costumam cair no vazio e no esquecimento quase imediato.
Opinião
Gilmar Marcílio: arrogância
Bonito mesmo é descer desses falsos degraus forrados de palavras complicadas que poucos sequer imaginam o que significam
Gilmar Marcílio
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