São Francisco de Assis é certamente uma das figuras mais fascinantes do cristianismo. Nasceu numa família rica de comerciantes em Assis, Itália, e levava uma vida de riqueza e de luxo até que tudo mudou: após ser capturado numa batalha e passar um ano preso, adoeceu com gravidade. No cárcere, passou a refletir sobre o sentido da vida e a futilidade das coisas materiais.
Dizem que em 1205, ao rezar, ouviu a voz de Cristo no crucifixo lhe dizendo para reconstruir sua igreja. No começo, tomou a missão ao pé da letra e passou a restaurar igrejas pela Itália inteira, até que, junto à Ordem dos Franciscanos, entendeu que o chamado era outro: retomar as bases do cristianismo que eram o serviço ao próximo e a pregação do amor e da paz. A Oração de São Francisco de Assis, sem dúvida, é das mais belas que existem, e o trecho em que pede para ser “um instrumento de vossa Paz” resume a filosofia e a real ética cristã: servir, ser um instrumento do divino e do insondável aqui na Terra para ajudar no que for preciso.
Uma outra ordem bem conhecida entre os católicos é a Ordem dos Carmelitas, que surgiu um século antes, em 1150, no Monte Carmelo, na Palestina. Os carmelitas enfatizam a oração contemplativa, a devoção à Virgem Maria e a busca da santidade no silêncio e na vida interior. Num mundo tão barulhento e tão conturbado como o nosso, em que a saúde mental carece da paz e da autorreflexão que a verdadeira espiritualidade proporciona, é absolutamente compreensível que as pessoas busquem a oração para acalmar a mente e o coração.
Aí que entra o Frei Gilson, natural de São Paulo, que aos 18 anos ingressou na vida religiosa na congregação Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo. Hoje, aos 38, também se dedica ao grupo musical católico Som do Monte, e reúne mais de um milhão de pessoas de madrugada para rezar o Santo Rosário pela internet, seja na preparação para a Páscoa, como acontece agora, seja na Quaresma de São Miguel (que foi quando o conheci há dois anos).
Acredite ou não, Frei Gilson tem sido questionado por rezar com o povo. Ninguém dava muita bola para ele, mas hoje é brutalmente atacado, chamado de “pilantra”, porque cometeu o “crime” de reunir um milhão de pessoas numa única live. Sem dúvida, é o engajamento dos sonhos de muita gente. Enquanto as pessoas comuns veem nessas lives apenas um momento de contemplação e de oração, os perversos e gananciosos só enxergam poder, e poder demais numa única figura desperta a cobiça (ou a inveja) dos maus.
Por isso todo o estardalhaço de crápulas sectários que apenas pensam num projeto de poder e não no bem estar das pessoas reais, venha de onde vier. Quem tem fé só quer rezar e comungar com seus irmãos. Outros só querem se servir da fé em vez de servir, e vão ter que se acertar com Deus ali adiante.