Pulo na piscina e mergulho num oceano. Que coisa sem nexo, dirão os pouca poesia. Sim, me preocupo com aqueles que endureceram e que mesmo debaixo da enxurrada da vida, não amolecem. Torrões de terra, algumas pessoas são assim. Pulo e me deixo levar pelo lembrar e o esquecer. A cada braçada deságuo águas outras que correm por mim. Rios perdidos de todos que vieram antes. Mergulho e suporto o silêncio submerso de penetrar em meus próprios afluentes. Filetes de trajetos aquosos de pessoas que sonhavam com vidas que nunca saberei. Ancestrais. Nossos ancestrais. Gente que aos poucos perde o nome. A piscina me é também como a água de um rio parado, lembranças. Nunca sabemos bem como é o fundo de rio. Dizem que os rios são traiçoeiros. Mesmo assim insistimos em pular neles. Alguns nunca mais voltam. Pulo em águas mais seguras, no entanto a metáfora não se altera. Lembro dos olhos de minha avó e de todo rio que sua íris continha. Ela é o ontem. Encontro com ela em meu envelhecer.
Nascentes
Opinião
Somos rios
Nossa alma não é surda aos sons que águas internas provocam
Adriana Antunes
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