Todo fracasso é uma segunda infância. Quando fracassamos, revisitamos nossos medos mais infantis. Somos jogados de volta para dentro de nosso quarto de criança, ouvindo atrás da porta a briga de nossos pais ou sentindo aquele abandono que por toda a vida nos acompanhará. Tudo ao redor se transforma em perigo. Nossa paranoia é ativada e, então, passamos a desconfiar de todos. Afirmamos que as pessoas não prestam, que não temos amigos, que ninguém nos compreende, que não nos dão chance de realmente mostrar como somos, porque acreditamos ser bons, mas as pessoas não conseguem perceber. Há uma dor real nisso tudo, mas há também uma ilusão sobre si. Olhando bem de perto, talvez possamos encontrar o medo, ali bem escondido atrás da raiva. Raiva de todo mundo. Raiva dos parentes, dos amigos, do trabalho, da política, do relacionamento, das pessoas, até dos cachorros de rua. Vivemos um redemoinho de pensamentos e sentimentos aflitos e quanto mais rodamos, mais nos fixamos em nossos pensamentos e ideias. Ficamos fixos naquilo que acreditamos. E quanto mais nos fixamos e nos tornamos rígidos, mais rodamos e rodamos. Que tontura-tortura.
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Solte. É preciso deixar que as coisas se vão sem que você tenha de ir junto
Adriana Antunes
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