Concordo com Drummond, chega um momento na vida em que não adianta mais espantar-se e dizer: meu deus. Os absurdos do cotidiano, da política, dos políticos, dos hipócritas, dos espertos, dos canalhas, dos machistas, dos egoístas, dos materialistas, dos perversos, dos que acreditam em terra plana, na cloroquina, ivermectina e fake news não mais nos surpreendem. Secamos por dentro. O coração secou. A alma secou. O amor resultou inútil, a fé, comprometida e a ética tornou-se tão rara quanto pessoas de bom senso. As notícias sobre desvio de dinheiro, os conchavos eleitoreiros, o aumento do preço do arroz e a banalidade com que o covid-19 são tratados apenas nos provam que a vida prossegue. Vivemos uma noite constante que nos recobre com seu véu úmido de raivas e lamentações, um pouco de consciência e muita indiferença.
Opinião
Adriana Antunes: assombramentos
Em dias de raiva procuro nas flores a calma
Adriana Antunes
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