Há quanto tempo você não vê um vaga-lume, um gafanhoto, não ouve grilos? Lembra como na infância isso era comum? Aos 13 anos ganhei de meu avô materno uma caixa de abelhas da espécie mirim. Umas abelhas minúsculas que não têm ferrão. Cresci cuidando daquelas pequenas companheiras. Fiz troca de colmeia, cuidei dos enxames que se formavam em tempo de migração e de quebra ajudava afastando os predadores naturais, como formigas e pássaros. Depois migrei eu, para as abelhas tradicionais, aprendi a reconhecer a rainha, tirar mel da caixa e restabelecer o equilíbrio para que elas pudessem voltar a ter um lugar seguro para viver e realizar seu trabalho de polinização. E nunca fui picada por uma delas. Sem dúvida aprender o manejo é fundamental, mas principalmente respeitá-las. Uma educação mais perto da natureza, com mais contato com o universo da diversidade de seres que habitam nosso planeta foi o maior legado que meus avós me deixaram. Quanto mais conhecemos e reconhecemos a importância do outro, seja ele humano ou inseto, mais conscientes nos tornamos. Ouso dizer que menos materialistas também. A vida passa a ter mais valor e por aí nos damos conta de que o dinheiro não compra tudo.
Opinião
Adriana Antunes: as abelhas
Quanto mais distantes ficamos da natureza, menos damos importância a ela
Adriana Antunes
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