
Moradores do bairro Altos da Boa Vista, em Passo Fundo, no norte do Estado, se uniram para contratar uma empresa privada, de Caxias do Sul, que analisará a qualidade da água que chega às residências. A coleta será realizado nesta quinta-feira (27), mas o prazo para a divulgação dos resultados é de dois a três dias.
Eles relatam que, há pelo menos um mês, vêm sentido cheiro e gosto estranhos no líquido, assim como episódios de coceira e vermelhidão nos olhos e corpo após o banho.
Segundo o presidente do bairro, Leonardo Ricci Serena, as reclamações dos moradores são diárias à Corsan/Aegea, mas que o problema segue sem uma solução.
— A Corsan publicou uma nota dizendo que faz 500 testes diários e que está tudo certo. Por isso, vamos fazer um teste particular para verificar a realidade dessa informação — disse.
Na casa da moradora Ana Pizzolato, a situação tem piorado com o passar dos dias. Ela afirma que a família não tem mais tomado a água da Corsan/Aegea e que tem investido em galões comprados em mercados.
— Estamos comprando água para tomar, cozinhar e até tomar chimarrão. Parece que ela (a água da Corsan) tem um cheiro de podre. Arde os olhos quando a gente vai tomar banho e também dá coceira no corpo. Sai caro no final do mês. A conta de água está ali, com R$ 300, e não dá para tomar, tem que comprar — disse.
O que diz a Corsan
A coordenadora de qualidade da região norte da Corsan/Aegea, Renata Dal Magro, afirma que os testes de potabilidade são realizados de hora em hora nas três estações de tratamento de água da cidade: duas na Vila Rodrigues e uma no bairro São Luiz Gonzaga.
— Nas redes de distribuição os testes também são feitos algumas vezes por semana. Esse é o nosso procedimento padrão. Paralelo a isso, nós também realizamos o atendimento às reclamações dos usuários — explica.
A coordenadora também afirma que a concessionária segue uma portaria de potabilidade que a obriga a utilizar cloro para tornar a água potável.
— O cloro tem uma faixa de aceitação. Essa faixa é ampla e varia de 0,2 a 5 miligramas por litro. As amostras são analisadas nos laboratórios das estações de tratamento aqui de Passo Fundo e atendem a esse padrão — disse.

A gerente da Corsan/Aegea, Beatriz Souza, explica que ao serem acionados pelos usuários, uma equipe da concessionária é deslocada até o local. A primeira ação é realizar um expurgo na torneira onde essa medição será realizada.
— Deixamos a torneira aberta por mais ou menos um minuto para circular água e vir diretamente da rede, para a gente ter essa água circulando dentro da rede e assim conseguir medir — disse.
O próximo passo é realizar a coleta da água em um frasco. O líquido, em contato com o cloro dentro do recipiente, reage apresentando uma cor rosada. O frasco é adicionado a um equipamento higienizado chamado clorímetro, que fornece a medição do cloro presente na água.
— O parâmetro é 0,2 a 5 partes por milhão (ppm) — explica a gerente.
Conforme Renata, até o momento não foram encontrados parâmetros fora do padrão nas amostras coletadas solicitadas por usuários.
— Durante a coleta fazemos a análise de cloro e depois (a amostra) é trazida para o laboratório onde são analisados os demais parâmetros. Todas as amostras foram coletadas, analisadas, e é dado um retorno ao usuário — disse.
A Corsan/Aegea afirma que todos os moradores que observarem características diferentes na água podem solicitar o serviço de “verificação de qualidade da água no imóvel” por meio do aplicativo da Corsan, site da concessionária (na Unidade de Atendimento Virtual), ligações gratuitas pelo 0800 646 6444 ou no WhatsApp (51) 99704-6644.