A Assembleia Legislativa do Estado aprovou por unanimidade na terça-feira o programa Professor do Amanhã. A iniciativa, oriunda do Executivo, objetiva ampliar a disponibilidade de docentes para a Educação Básica no Estado e, em especial, fazer com que cheguem às salas de aula mais bem preparados para transmitir o conhecimento.
Melhorar a educação do Rio Grande do Sul é um desses objetivos que devem unir a sociedade
O fato de o projeto de lei ter recebido o aval de todos os parlamentares mostra a compreensão dos méritos da proposta, apresentada conceitualmente ainda no final do ano pelo Palácio Piratini. Chama positivamente atenção sempre que uma proposição acaba passando por cima das naturais discordâncias entre situacionistas e oposicionistas e é aprovada sem votos contrários. Demonstra, a despeito do embate político muitas vezes duro, mas próprio de uma democracia saudável, amadurecimento e capacidade de convergir em temas de grande relevância. Melhorar a educação do Rio Grande do Sul é um desses objetivos que devem unir a sociedade e, por consequência, o parlamento.
O programa propõe conceder uma bolsa de permanência mensal de R$ 800 para os jovens ao longo de quatro anos, enquanto frequentam um curso de licenciatura, mais R$ 800 também a cada mês às universidades comunitárias do Estado que farão parta da iniciativa. A previsão, neste momento, é de que o Professor do Amanhã tenha um investimento de R$ 57,6 milhões até 2026. Serão, inicialmente, mil beneficiados. Evidentemente a expectativa é a continuidade do programa, com novos ingressos de estudantes de licenciatura nos próximos anos.
Há algum tempo se alerta para o risco de o Rio Grande do Sul enfrentar uma espécie de “apagão” de docentes, em especial na rede pública, em um futuro não tão distante. Constata-se a diminuição do interesse de jovens em ingressar em cursos de formação de professores. Não há como negar que a remuneração é um dos fatores a levar a esse desestímulo. É natural que, excluindo-se casos em que a vocação se sobressai, egressos do Ensino Médio com melhores notas e perspectivas mais altas em termos de remuneração busquem outros caminhos profissionais. Tratar-se de um tema complexo, sem solução simples. Mas estimular a formação, com apoio financeiro, é um ponto de partida.
Um dos próximos passos será lançar um edital para definir as universidades que vão aderir ao programa, distribuindo as vagas pelo Estado. Essas instituições deverão propor currículos considerados inovadores. Ou seja, além de estarem de acordo com as diretrizes nacionais de formação, precisam contemplar as competências mais demandadas para que seja possível transmitir aos estudantes os conhecimentos e habilidades exigidos para os desafios de uma era de inovação constante. Mesmo assim, matemática e português serão áreas prioritárias. Após terminar a graduação, o novo professor formado terá de cumprir ao menos 1,9 mil horas lecionando na rede estadual.
O programa parte de bases acertadas. O objetivo está sintonizado com as necessidades do Estado. Almeja-se que seja bem-sucedido e atraia boas propostas das universidades comunitárias e o interesse de mais jovens em exercer uma das mais nobres profissões, basilar para se ambicionar uma sociedade mais justa, preparando futuros adultos produtivos e conscientes de sua cidadania.