A reflexão sobre o futuro do trabalho não deve, jamais, nos levar ao pessimismo. É preciso, porém, enfrentar os fatos. Em poucos anos, milhões de empregos serão extintos e trabalhadores substituídos por máquinas mais rápidas, eficientes e baratas. Este fenômeno já está acontecendo e a tendência é de que ganhe velocidade. É sobre isso que se debruçou a primeira etapa da série Ideias para o Futuro, que trouxe reportagens, artigos e entrevistas e que termina oficialmente hoje, Dia do Trabalho, mas cujo objeto foi incorporado em definitivo à nossa pauta.
Debater o tema sob perspectivas plurais foi uma experiência rica, reveladora de um leque de percepções que vão das mais catastróficas – legiões de desempregados, concentração de renda e caos planetário – às mais luminosas – novas possibilidades de ocupação do nosso tempo e mais acesso a bens e serviços.
O importante, no final das contas, é não ser surpreendido. Com informação e análise, fica mais fácil remontar cenários à luz dos desdobramentos reais dessa revolução em marcha. O redesenho permanente do futuro pressupõe responsabilidades compartilhadas. Não é tarefa para um governo ou um falso messias.
Cabe ao poder público, ainda mais quando se avizinham as eleições, liderar a busca por marcos legais que garantam a evolução da sociedade, sem perder a identidade humana que marca a essência primeira do trabalho. Os indivíduos e as empresas devem manter a pressão por protagonismo, sob o prisma da transparência e do compartilhamento dos avanços da ciência ética, focada na dignidade das pessoas e de suas organizações sociais.
Em pouco tempo, o trabalho terá mudado radicalmente. Por enquanto, há mais dúvidas do que certezas. Mas só chegaremos às respostas se tivermos as perguntas certas. Vai dar trabalho. Mas isso, no fim, é sempre bom.