É fato que após anos de discussões, realizadas entre especialistas, políticos e sociedade em geral, sai a tão esperada reforma do Ensino Médio. É tão fato, também, que estava na hora de sair do papel. O Ensino Médio vive seu pior momento e os números do Pisa, do Ideb, do Enem, afora a evasão escolar, somados ao desinteresse do jovem nas escolas, vêm a corroborar a necessidade urgente de reformularmos o Ensino Médio. Sem contar a universidade, que grita e pede socorro, pois o aluno egresso do Ensino Médio – isso se entra no Ensino Superior – não sabe minimamente ler e calcular. E, ainda mais além, perguntemos a um aluno sobre as aulas que tivera e o que aprendera nos três anos de ensino. Ele dirá o que parece que não queremos ouvir. Há um novo aluno, uma nova sociedade, que não tem conversado com a escola e vice-versa. Quem sofre somos todos nós. Culpa de quem? De todos nós e jamais pode ser jogada somente nas "costas", já largas, dos professores. Escola somos todos nós.
Essa reforma levará em consideração a Base Nacional Comum Curricular também amplamente revisada e discutida.
Então, motivações para essa reforma há suficientes – escritas no início do meu texto, e ao final exponho mais algumas. Por isso, de fato, sua urgência. Não está se decretando o fim de nenhum conteúdo. Até porque essa reforma levará em consideração a Base Nacional Comum Curricular também amplamente revisada e discutida.
A presente medida propõe um Ensino Médio mais atrativo para que o jovem se interesse e veja sentido na escola. A formação técnica e profissional será mais uma alternativa para o aluno. Ele não precisa buscar um técnico fora, ele pode fazer dentro da carga horária do Ensino Médio regular.
Serão oferecidos cinco itinerários formativos, sendo que português e matemática serão obrigatórios nos três anos do Ensino Médio, além da língua inglesa desde o sexto ano do Ensino Fundamental, disciplinas essas que são imprescindíveis para o aluno e o profissional da nossa sociedade em qualquer área que escolher. O aluno terá autonomia para escolher os itinerários que se unem ao seu projeto de vida.
Uma nova identidade do Ensino Médio estará em pauta nos próximos anos e seu êxito depende do nosso comprometimento, da leitura aprofundada da reforma e da esperança em dias melhores e numa sociedade melhor. A última versão do novo Ensino Médio ainda não foi homologada, portanto ainda há de se aguardar o término das discussões, havendo ainda espaço para sugestões e alterações. Até lá, não podemos nos acomodar frente aos desafios, pois algo precisa ser feito. O "mais do mesmo" não dá mais e é com a união e esforço de todos que as ideias sairão do papel. Rechaço a ideia de que isso seja político, até porque educação não é de partido algum. Ela é uma necessidade. Finalizo, com ainda mais argumentos que balizam minha sustentação da necessidade da reforma. O currículo hoje é extenso demais, superficial. Um milhão de jovens de 17 anos que deveriam estar no 3ºano do Ensino Médio estão fora da escola. Mais 1, 7 milhão de jovens nem estudam, nem trabalham, engordando a famosa geração "nem, nem". E, aí, a tão falada reforma do Ensino Médio não é mesmo urgente de implantação?
Importante o que diz Immanuel Kant: "Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso esforço"– palavras minhas –, e não só dos governos.