O aprofundamento da crise política, com a denúncia do próprio presidente da República por corrupção passiva, formulada ontem pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, impõe um custo alto para todos os brasileiros. A prioridade do governo, agora, passa a se concentrar na tentativa de barrar a denúncia na Câmara, impedindo assim que prospere no Supremo Tribunal Federal (STF). A consequência inevitável é que as reformas necessárias para tirar o país da crise ficarão em segundo plano.
Como há a perspectiva de serem formuladas novas denúncias, o constrangimento tende a se tornar permanente, impondo um desgaste crescente para o presidente da República a partir de agora. Pouco mais de um ano depois de enfrentar um processo de impeachment, o país vive uma situação política e econômica delicada. Ainda que não haja risco de descontrole, o Congresso deveria estar concentrado nesse momento é em providências necessárias para a reativação econômica, não em uma situação inédita em que um presidente é denunciado por corrupção no exercício do cargo, juntamente com seu ex-assessor e ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
Diante da gravidade, o momento exige prudência redobrada de todos os agentes políticos e econômicos. Entre eles, incluem-se os próprios trabalhadores, hoje com suas centrais divididas em relação à conveniência ou não de realização de uma greve geral na sexta-feira, com uma pauta que se opõe justamente a reformas que deveriam ser cobradas do Congresso.
Assim como o enfrentamento da crise econômica, também o da crise política exige serenidade. É preciso impedir que essa conta fique salgada demais para todos.