É inquestionável que a reforma da Previdência precisa ser feita para que o sistema não vá à falência e os brasileiros continuem recebendo regularmente suas aposentadorias. Também se sabe que o governo federal encontrará muitas resistências para levar adiante o seu projeto reformador, que é tão impopular quanto imprescindível para o país. Mas essa perspectiva não justifica a campanha agressiva e alarmista que o PMDB deflagrou na semana passada, numa rede social, condicionando a sobrevivência de programas sociais como o Bolsa Família e a manutenção de obras públicas à aprovação da reforma.
"Se a reforma da Previdência não sair..." – ameaça o anúncio –, "Tchau Bolsa Família", "Adeus Fies", "Sem estradas novas", "Acabam os programas sociais". Trata-se, no mínimo, de uma abordagem equivocada. O convencimento da população sobre a urgência e a necessidade das mudanças propostas tem que ser feito com informação e não com intimidação.
Ninguém ignora que deputados e senadores são suscetíveis a pressões e que esta será a matéria mais polêmica do ano a ser examinada pelo Congresso. O tema é tão delicado, que já vem se arrastando há anos sem que governantes e parlamentares demonstrem coragem suficiente para enfrentá-lo. Mas agora se tornou inadiável. Esse entendimento, que pode ser atribuído como mérito do governo Michel Temer, não pode ser comprometido por uma campanha inadequada e aterrorizante.
O Brasil certamente não vai acabar se a reforma da Previdência não passar. Mas poderá se tornar um país melhor para todos os brasileiros se o Congresso tiver discernimento e destemor para examinar a proposta e para aperfeiçoá-la, sem se submeter a pressões de qualquer natureza.