A alimentação da modelo e influenciadora fitness Gracyanne Barbosa vem chamado a atenção do público durante sua participação no Big Brother Brasil 25. Em um dos episódios mais recentes, a sister optou por comer um pedaço de filé de frango grelhado malpassado. Ela chegou a ser alertada pela irmã, Giovanna Jacobina, mas justificou que estava faminta.
— Eu tô com muita fome. Eu sei que está meio cru — pontuou Gracyanne.
A decisão da influenciadora gerou uma série de comentários nas redes sociais, levantando questionamentos: há riscos em consumir frango malpassado ou cru?
O que dizem os especialistas
Comer carne de frango mal cozida ou crua é totalmente desaconselhado por trazer riscos à saúde humana. De acordo com a nutricionista Ana Lúcia Serafim, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e membro do Serviço de Nutrição do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), a ave pode chegar contaminada ao consumidor, principalmente por bactérias conhecidas como salmonella e campylobacter. O mesmo é válido com relação aos ovos de galinha.
— Essa contaminação vem desde as camas em que os frangos estão sendo criados. A ingestão de salmonella está frequentemente associada a sintomas como diarreia, febre, vômitos e dores abdominais. O campylobacter também provoca doenças gastrointestinais e até danos neurológicos — alerta.
Eduardo Sprinz, médico do Serviço de Infectologia do HCPA e professor no Departamento de Medicina Interna da UFRGS, aponta que o consumo está associado a casos de intoxicação alimentar. A intensidade das queixas podem variar de pessoa para pessoa.
— Dependendo das circunstâncias e das defesas imunológicas da pessoa, a contaminação pode levar desde sintomas leves até uma infecção generalizada. A maior parte dos casos envolve um mal-estar passageiro — diz.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforça a necessidade de cozimento completo do alimento para evitar esses danos. Para minimizar os riscos, o órgão publicou a Resolução da Diretoria Colegiada 727/2022, que torna obrigatório a declaração de alerta na rotulagem desses produtos: "O consumo deste alimento cru ou mal cozido pode causar danos à saúde."
Importância do cozimento completo
Durante a cadeia de produção, a ave contaminada pode não apresentar sintomas da infecção por salmonella ou campylobacter, o que dificulta a detecção durante o processo de inspeção. Para o consumidor, ao comprar o alimento, acaba sendo uma loteria se a carne possui a presença desses microrganismos.
Contudo, o cozimento em condições ideais já é o suficiente para inibir essas bactérias e garantir uma ingestão segura. Para isso, a orientação é cozinhar o alimento em temperatura acima de 70ºC, que devem atingir todas as partes do frango ou do ovo.
— Em nível doméstico quando a gente não tem nenhum tipo de termômetro: o ovo deve estar com a gema completamente cozida. O cozimento do frango tem que chegar até o osso. Ele precisa ficar completamente cozido, mais rígido — explica Ana Lúcia Serafim.
Boas práticas na cozinha também são necessárias para evitar possíveis contaminações cruzadas. É importante, por exemplo, se atentar para o descongelamento, manusear as carnes cruas de forma separada dos demais alimentos cozidos, higienizar bem as bancadas e utensílios domésticos depois da utilização, assim como as mãos. Além disso, não é recomendado que se lave o frango cru antes do cozimento, porque os microrganismos podem acabar sendo transportados para as superfícies ao redor.
O que fazer em caso de contaminação
Caso sintomas passem a ser percebidos após a ingestão, o ideal é procurar atendimento médico. Geralmente, o tratamento envolve alívio dos desconfortos e um cuidado maior com a hidratação. Em situações mais severas, a intervenção pode envolver aplicação de soro e uso de medicamentos.
— A intensidade dos sintomas nos levará à conduta. Se a pessoa está com muita diarreia, orientamos que ela faça uma terapia de reidratação oral com água, água de coco e remédio contra diarreia. Eventualmente, entramos com antibióticos — declara Eduardo Sprinz, médico do Serviço de Infectologia do HCPA e professor no departamento de Medicina Interna da UFRGS.
Lavar bem as mãos é outro hábito que deve ser fortalecido para evitar que outras pessoas possam vir a se contaminar.
Ana Lúcia Serafim indica ainda acionar a Vigilância Sanitária para que haja um maior controle sobre o casos e o repasse de informações.
*Produção: Carolina Dill
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