Por Fernando Goldsztein, fundador do The Medulloblastoma Initiative, conselheiro da Children’s National Foundation e MBA, MIT Sloan School of Manangemnt
Fui com os meus filhos assistir ao filme que dá título a este texto. Trata-se das aventuras de Chico Bento, o simpático caipira que pertence à famosa Turma da Mônica. Achei no Google uma descrição perfeita dele: “É um dos personagens mais populares de Mauricio de Sousa. É acomodado, eventualmente preguiçoso e um tanto mentiroso, mas principalmente aventureiro. Ainda assim, apesar de seus defeitos e travessuras, Chico é um menino bondoso, generoso, que ama a natureza”.
Antecipo que não tenho como escrever este texto sem revelar o desfecho do filme, ou dar spoiler, como se diz hoje em dia.
Chico Bento, que é um grande apreciador de goiabas — furtivamente colhidas da goiabeira do vizinho Nhô Lau — descobre que existe um projeto de construção de uma estrada na região. O drama de Chico é que a dita estrada passará exatamente onde está plantada a goiabeira.
Inconformado, Chico reúne todas as crianças de Vila Abobrinha para tentar impedir que a goiabeira — fonte de tanto prazer e doçura — seja derrubada. A preservação daquela árvore passa a ser uma obsessão para a criançada.
O vilão do filme — sempre tem que ter um vilão — é o coronel Agripino, que, junto com seu filho Genesinho, faz de tudo para convencer a comunidade sobre a importância da estrada.
O fato de Mauricio de Sousa ter escolhido como vilão um malversador de verbas públicas, que tenta se locupletar com obras inúteis ou superfaturadas, é, definitivamente, um sinal dos tempos…
Porém, o coronel não contava com a engenhosidade e a persistência de Chico Bento e seus amigos. Eles descobrem que o coronel Agripino estava mesmo era interessado que a estrada chegasse até as suas próprias terras. E, como se não bastasse, o projeto da estrada era cheio de curvas, de idas e vindas, tornando-a muito mais cara. É que a construção seria feita com recursos públicos, sendo que o fornecedor do asfalto para a obra seria o próprio coronel Agripino…
Para a sorte da comunidade da Vila Abobrinha e, principalmente, para a goiabeira, que foi preservada, os planos foram descobertos a tempo, e o filme teve um final feliz.
Saí do cinema pensativo. O fato de Mauricio de Sousa ter escolhido como vilão um malversador de verbas públicas, que tenta se locupletar com obras inúteis ou superfaturadas, é, definitivamente, um sinal dos tempos…