Com a eleição de aliados para a presidência nas duas casas legislativas e a oposição parlamentar visivelmente fracionada, o governo Temer reúne neste segundo mês do ano as melhores condições políticas para implementar reformas estruturais necessárias à superação da crise e ao crescimento sustentável. O próprio mercado já percebeu esta calmaria, como comprovam a recuperação da bolsa, a queda do dólar e a perspectiva crescente de controle da inflação. Neste contexto, o Planalto deve anunciar nesta semana a ampliação de crédito para o programa Minha Casa Minha Vida e para outros empreendimentos imobiliários, consciente de que esse setor costuma ser um indutor da geração de empregos.
Há, porém, uma nuvem escura no horizonte da pacificação política: a continuidade da Operação Lava-Jato. É inequívoco que os brasileiros querem a reforma que devolverá solidez à Previdência, assim como o crescimento econômico e a urgente geração de novos postos de trabalho. Mas a sociedade não abre mão da depuração ética representada pela punição dos responsáveis pelo maior escândalo de corrupção da história do país.
É ilusório pensar que o abraço entre políticos adversários num momento de comoção emocional, como ocorreu recentemente entre Michel Temer, Fernando Henrique e Lula, tem abrangência para garantir harmonia política no enfrentamento dos grandes problemas nacionais. Na verdade, o único ponto em comum entre as principais forças políticas do país, representadas pelos partidos de maior expressão, é o desejo inconfesso de esvaziamento da Lava-Jato, que atinge igualmente governistas e oposicionistas. Mas, depois de verem corruptos e corruptores poderosos encarcerados, os brasileiros não aceitam mais retrocessos éticos. Exigem, porque têm direito a isso, um país próspero, igualitário e com justiça social.
Editorial
Crescimento com ética
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