O Brasil está consternado com a trágica morte do ministro Teori. Uma investigação séria precisará ser feita para convencer que tudo não passou de um acidente, de uma terrível má sorte. O fato de ele estar prestes a homologar a delação premiada dos executivos da Odebrecht, pelo que se sabe incriminando Michel Temer, Serra e tantos outros figurões do atual governo, torna tudo muito suspeito.
Sobre o destino da relatoria da Lava-Jato a polêmica jurídica está instalada e nas mãos da presidente do STF, Cármen Lúcia. Ela vai se valer do artigo 68 do Regimento Interno do STF, que lhe permite redistribuir o processo sorteando um novo relator dentre os atuais ministros? Ou vai seguir o artigo 38, que determina que o novo ministro indicado herde todos os processos?
O sorteio dentre os atuais ministros é, sem dúvida, a opção menos pior. Permitir que Temer indique o juiz que vai decidir o seu próprio futuro seria algo inaceitável. Não creio que Cármen Lúcia vá por este caminho.
Ainda assim o futuro da Lava-Jato está incerto. Nas mãos de quem vai parar a delação da Odebrecht? Que interesses escusos podem transitar neste momento? Sergio Moro declarou que sem Teori não teria havido a Lava-Jato. E, sem ele, a Lava-Jato conseguirá prosseguir? Chegará aos atuais governantes ou estará fadada a entrar para a história como a operação que desnudou a corrupção dos governos petistas, mas não chegou naqueles políticos que derrubaram Dilma justamente para tentar parar as investigações ali mesmo? A Lava-Jato precisa ir até o fim e processar e julgar todos os investigados.
Cabe a todos e todas que querem que as investigações e punições prossigam, doa a quem doer, sair em defesa da Lava-Jato, exigindo a publicização da delação da Odebrecht, o fim de qualquer sigilo e que o próximo relator dê prosseguimento ao trabalho sério de Teori, inclusive com a colaboração da sua equipe de trabalho, para que tudo não volte à estaca zero.