Somos desamparados, o desamparo nos acompanha do nascimento à morte. O desamparo está na origem das angústias, tanto a angústia automática quanto a angústia sinal. Há os destinos criativos e os destinos destrutivos do desamparo. Destinos criativos são, por exemplo, as artes, a fraternidade, o trabalho, a vida familiar. Já as drogas são destinos destrutivos, aliviam o desamparo ao mesmo tempo que afundam os drogados. Na política, um destino destrutivo é o anseio de pessoas que ainda se entusiasmam com os regimes autoritários. Buscam um protetor poderoso que promete certezas que aliviam o desamparo das incertezas. A vitória de Donald Trump é um exemplo, porque ele prometeu conduzir os Estados Unidos a uma segurança imaginária. Estamos diante dos inimigos internos da democracia, título do livro de Tzvetan Todorov.
Artigo
Abrão Slavutzky: destinos do desamparo
Psicanalista