Nos próximos dias, 11,16 milhões de gaúchas e gaúchos poderão perder uma das suas mais relevantes instituições: a Fundação Zoobotânica, a FZB. Inversamente ao que se diz, extinguir a FZB não contribuirá na recuperação das finanças do Estado. Pelo contrário, fechará uma porta para o futuro. Como se fecharão outras portas com a extinção dos demais órgãos de pesquisa.
O encaminhamento de extinção da FZB se debruça sobre pauta vencida. Já em 1962, o governador Brizola, ao invés de mais um loteamento ou distrito industrial, que era o que alguns pensavam ser o mais adequado para o local, optou pela instalação do Parque Zoológico. Antes, fora criada uma comissão para avaliar qual o melhor destino da área onde hoje se encontra o Jardim Botânico, optando-se por sua implantação. Frente à necessidade científica do Estado nasceria o Museu de Ciências Naturais. No governo Triches se reacendeu o debate em torno dos acervos culturais e científicos do Estado. Surgiu então, em 1972, a FZB que agregou o Museu, o Zoológico e o Botânico, voltados à preservação da biodiversidade gaúcha, conferindo consistência institucional aos três órgãos de pesquisa, educação ambiental e apoio à gestão pública.
Tivesse que buscar no mercado os serviços prestados pela FZB, o Estado gastaria de seis a sete vezes mais do que o investimento anual de R$ 27 milhões da FZB. Isso para focarmos no valor orçado, pois fazer ciência, que contribui decisivamente na tomada de decisões na gestão ambiental pública, inclusive na sustentação científica dos licenciamentos, envolve muito mais que custo: valor.
Portanto, com a extinção da FZB o Estado perde financeira, científica e valorativamente. Discussões atuais mais uma vez comprovam o que já se debateu há tempos. O movimento precisa ser inverso. Ao invés de extinguir, se impõe fortalecer. Como falar em cuidado ambiental à nossos filhos e netos extinguindo um órgão que por excelência zela pela biodiversidade?