O atual momento brasileiro estimula reflexões sobre o futuro que queremos para o Brasil. Após dois processos de impeachment e sucessivos governos de coalizão, chegou a hora de mudar.
Analistas políticos têm dito que as coligações partidárias são a origem dos problemas que se estendem muito além da vitória nas urnas. Atingido o primeiro alvo, os governantes eleitos passam a requisitar votos para seus projetos. Os Legislativos, então, se transformam em balcões de trocas de favores. A lista de interesses começa pela indicação de nomes para determinados cargos, mas não se sabe onde terminam as negociações.
Os governantes também fazem uma "coalizão administrativa" com os funcionários públicos, levando a maioria da sociedade a sustentar uma minoria que acumula privilégios, denominados espertamente de "direitos adquiridos". Resultado: periodicamente, as administrações aumentam tributos de todos para manter os poucos que defendem o gigantismo da máquina estatal. Isso ocorre em todos os âmbitos, incluindo os municípios.
Mesmo diante dessas distorções abrangentes e graves, não estamos num beco sem saída. A observação do cenário mundial traz exemplos de muitas possibilidades de evolução. Assim, estamos colocando na pauta de debates da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul alguns temas que habitualmente não constam da agenda empresarial : o resgate da opção do parlamentarismo no Brasil e uma Constituinte exclusiva para a reforma política.
Neste ano de eleições municipais, mais uma vez as coligações partidárias para a conquista de prefeituras irão mostrar o anacronismo do nosso sistema eleitoral. E se repetirão as coalizões posteriores.
Por esses fatos, entendemos que está na hora de pensarmos um novo modelo de governança para o país. Essa é uma das providências necessárias para que o desenvolvimento brasileiro seja completo e sustentado, criando um ambiente institucional equilibrado, evitando os periódicos sustos na economia. Se quisermos evoluir, será preciso caminhar nessa direção.