Quando Filipe Ret iniciou a sua carreira, há mais de 15 anos, parte do público do Planeta Atlântida 2025 sequer era nascida. Mesmo assim, isso não impediu que o rapper se atualizasse com o tempo e fosse conversando com as novas gerações, navegando também pelo trap.
Tal alinhamento foi visto durante toda a apresentação do artista carioca, realizada na madrugada de sexta-feira (31) para sábado (1º), quando ele enfileirou hits de várias fases de sua eclética carreira, que gerou o álbum ao vivo FRXV e a turnê homônima — a qual foi apresentada, inclusive, no Rock in Rio do ano passado —, com novos arranjos e versões exclusivas de seus sucessos.
Com os celulares em punho, o público, majoritariamente jovem, sabia todas as canções na ponta da língua — e na ponta dos pés, visto que os presentes pularam o tempo inteiro. Penúltima atração do primeiro dia do Planeta, Ret, que completa 40 anos em junho, dominou a Saba, passando celebrando a sua própria carreira, que se mostra atemporal.
— É esse e o show do Matuê, amanhã — projetava um grupo jovens na Saba, elencando quais eram as apresentações mais esperadas por eles.
O fenômeno em torno do rapper já se mostrou antes mesmo dele subir ao palco. No telão, um compilado de fotos e vídeos foi exibido, mostrando o artista fumando, cantando, dirigindo um carrão e participando de uma batalha de rima — que foi a porta de entrada do jovem cantor ao mundo do estrelato, nos anos 2000, na Lapa, no Rio de Janeiro. Quando terminou, aplausos.
Ele iniciou a noite com Corte Americano, já sintetizando a sua carreira com a letra, que diz: “Pique jogador, me destaco no campo / Tipo vinho, eu melhoro com o tempo”. À vontade no palco, o cantor usava uma regata, bermuda e um correntão de ouro. E o músico utilizou o espaço para cantar, claro, mas também para se conectar com o público, que entrou na vibe e só tirava os olhos do artista para beijar na boca.
— Quem gosta de rap, levanta mão aí — disse Ret, e geral correspondeu. Um mar de mãos para o alto.
Ret apresentou para o público uma de suas mais recentes músicas, Da Onde Eu Venho, falando de sua trajetória até chegar onde está, posicionando-se como um dos principais artistas do gênero no país. Apaixonado, ele aproveitou para fazer homenagens para a namorada, a influenciadora Aghata Sá, com Nós Combina e, depois, com Amor Livre. Com Me Sinto Abençoado, ele fez o público cantar em uníssono:
— Eu me sinto abençoado!
Em um momento mais intimista, Ret sentou no palco e trocou uma ideia com o público, com Só Pra Você Lembrar. E fez uma série de questionamentos: “Qual foi a última vez que você fumou um baseado? / Transou no banheiro sujo da boate? / Última vez que você se libertou? / Voou? / Qual fantasia realizou?”.
Durante o show, o artista teve tempo de dividir o palco com Caio Luccas, rapper que faz parte do time de artistas do selo musical de Ret, a Nadamal Records. Juntos, os dois cantaram os hits enfumaçados Melhor Vibe, Good Vibe e Vizão de Cria 2 — a qual Ret afirmou ser um “hino do trap no Rio de Janeiro”. A dupla, também, anunciou o sold out do Planeta Atlântida.
A apresentação, marcada por muito uso de auto-tune, também dedicou um espaço para uma homenagem ao Poesia Acústica, projeto audiovisual que faz sucesso entre os fãs do rap, reunindo diversos artistas. Depois de cantar Deus Perdoa, o músico deixou o palco às 2h45min ao som da Tropa do Ret — que esteve em peso para prestigiar o show do artista no Planeta Atlântida.