
Ministros petistas do governo Dilma e integrantes da cúpula do Partido dos Trabalhadores vêm defendendo publicamente ações para coibir o que classificam como "vazamentos seletivos" de informações e depoimentos sobre a Operação Lava-Jato. Sugerem, inclusive, a abertura de investigações e processos contra autoridades responsáveis pelo sigilo de documentos e até mesmo ações judiciais contra veículos de comunicação e profissionais de imprensa. A impressão que fica diante da anunciada mobilização é de que, se pudessem, essas lideranças certamente proporiam colocar vendas e protetores auriculares nos cidadãos, para que eles deixem de tomar conhecimento do escândalo de corrupção que fragilizou a Petrobras e saqueou o país.
Evidentemente, os acusados têm todo o direito de protestar e até mesmo de recorrer ao Judiciário quando se sentirem injustiçados. Essa é uma garantia constitucional que precisa ser preservada. Só não se pode aceitar que distorçam a realidade, tentando passar a ideia de que a investigação está sendo politizada ou orientada contra esse ou aquele partido.
Vazamento seletivo é um eufemismo criado pelos defensores de suspeitos que já não têm outro argumento para justificar seus deslizes. Ninguém desconhece que a operação comandada pelo juiz Sergio Moro, cujas decisões têm sido majoritariamente chanceladas pelas Cortes superiores, já levou à prisão ou à condenação políticos de vários partidos, além de empresários, banqueiros e servidores públicos. Nenhum deles gostou de ver seu nome ligado à corrupção.
Mas o povo brasileiro precisa saber como se comportam seus representantes. Neste contexto, devem ser vistos com reserva e com desconfiança quaisquer movimentos que tentem ofuscar a transparência das investigações ou calar os meios de comunicação.