Neste ano, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência foi marcado por uma campanha que gerou polêmica entre deficientes. Promovida pelo Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Curitiba, uma página do Facebook pedia o fim de "privilégios" que os deficientes teriam, em relação a outras pessoas sem deficiência.
Confesso que considerei a propaganda inteligente e eficiente no que desejou transmitir, visto que houve indignação da maior parte da população, mas também percebeu-se aceitação por parte de quem realmente acredita que os deficientes tenham privilégio nas vagas especiais ou na política de cotas. Minha reflexão nesta campanha é em torno de um fato que sempre observei: como o deficiente gasta para ter acessibilidade.
Nos custos que em geral um deficiente tem, nem coloco os possíveis auxílios do poder público, que dão um fôlego no orçamento, mas aqueles que trazem mais independência e conforto. Se quero ter vasto material de estudo, precisarei de um computador capaz de suportar meu leitor de telas, o que aumenta o custo da máquina; um deficiente físico muitas vezes faz adaptações em sua residência, alguns precisam de cadeira de rodas, e quem pode adquire um carro adaptado; ou seja, mais dinheiro empregado em acessibilidade.
Ainda existem os custos cotidianos, como transporte, medicamentos, encontrar uma instituição de ensino, cursos técnicos e afins, que atendam a pessoa com deficiência sem restrições, apesar de haver a obrigatoriedade do atendimento para todos indiscriminadamente. Uma cadeira de rodas, por exemplo, não sai por menos de R$ 200, um aparelho auditivo, sem contar as trocas de bateria, não custará menos de R$ 1 mil, bengalas são encontradas por pelo menos R$ 50 e ainda temos os infinitos gastos para descobrir a causa da deficiência.
Portanto, se por um momento alguém cogitou concordar que pessoas com deficiência têm algum privilégio, eu só gostaria de ter um: poder aquisitivo maior para todos os deficientes suprirem suas necessidades relativas à acessibilidade e uma política de inclusão que possa inteiramente transcender o papel.