Setenta chefs e funcionárias de restaurantes do Reino Unido denunciaram o sexismo na cozinha em uma carta aberta e pediram que as mulheres estejam mais presentes em cargos de chefia na gastronomia.
A carta foi publicada em resposta a uma entrevista com o chef Jason Atherton, detentor de várias estrelas Michelin durante sua carreira, publicada no The Times na segunda-feira, na qual ele disse que "não tinha visto" sexismo nas cozinhas.
As signatárias da carta dizem que estão "chocadas" com esses comentários.
"Não podemos mais permanecer em silêncio", escreveram elas, lamentando também "a representação vergonhosa" das mulheres nos prêmios do Guia Michelin do Reino Unido, anunciados em 10 de fevereiro.
"O sexismo tem sido e continua sendo um problema generalizado em nosso setor", denunciam as signatárias, acrescentando que ele tem o efeito de "reduzir o potencial e as contribuições de inúmeras mulheres talentosas" nas cozinhas britânicas.
As chefs destacam os "comentários e comportamentos inadequados", bem como a "desigualdade nas promoções".
Nos últimos quatro anos, "apenas duas mulheres foram premiadas com estrelas Michelin", explicam.
"Isso não representa de forma alguma o talento feminino no setor", lamentam as signatárias.
De acordo com elas, a situação só pode mudar "ao remediar a falta de mulheres e minorias em posições de responsabilidade".
Entre as signatárias estão as chefs londrinas Sally Abé, do restaurante The Pem, Dara Klein, do Tiella, e Helen Graham, diretora do Bubala, de acordo com o The Times.
"O setor está fechando os olhos para um comportamento que é tão endêmico que não é reconhecido como sexismo e não é controlado", disse Helen Graham ao The Times.
De acordo com o Escritório de Estatísticas do Reino Unido (ONS), cerca de um quarto dos 203.700 chefs do país são mulheres.
* AFP