
É preciso começar a separar o joio do trigo no noticiário sobre o presidente dos Estados Unidos. Donald Trump é um estrategista, um maestro. Ele sabe do poder que tem e do quanto uma declaração em redes sociais pode pautar a imprensa e os cidadãos. É a famosa cortina de fumaça, que acoberta temas realmente importantes chamando a atenção para os mais populares e polêmicos, aqueles que dão o que falar. É quase como um passe de mágica. Quando estamos todos olhando para um lado, o movimento vultuoso acontece e nem notamos.
As declarações, assim que um governo se inicia, são importantes de se acompanhar para saber o rumo que um país tomará. Todos prestam atenção nas declarações. Acontece que quando há bravata, muita coisa fica no discurso, para o bem e para o mal.
Ninguém pode dizer que houve estelionato eleitoral nos Estados Unidos. Trump, o outsider de 2016, já era velho conhecido quando foi escolhido novamente em 2024. Ele prometeu tudo o que está fazendo agora, e teve apoio dos norte-americanos, é preciso dizer. Quando disse que retiraria imigrantes ilegais do país, ganhou uma boa parcela da população. O mesmo ocorreu em relação à melhoria da economia e do poder de compra, aproveitando um ponto fraco do governo anterior, que remetia à sua oponente, Kamala Harris.
No combo, porém, vieram outras medidas, como o retrocesso nas políticas de diversidade e sustentabilidade. Dia desses Trump foi às redes sociais oficiais da Casa Branca para simplesmente anunciar a volta do uso de canudos plásticos. É muito claro que ele quer provocar, afrontar, como se estivesse na quinta série. Quer irritar quem sabe que um canudo demora mais de 400 anos para se decompor e que sabe que o plástico vai parar no oceano e ameaça a fauna. Ele sabe que consegue atingir o objetivo.
O pacote inclui a busca ativa a imigrantes ilegais, com direito a postagens sobre algemas e correntes, mostrando como as pessoas serão retiradas do país. Para induzir que as pessoas pensem que todos são criminosos, publica também rostos ligados ao Estado Islâmico e a estupro de crianças, horrorizando e conseguindo apoio de quem, obviamente, não quer conviver com os criminosos.
Mesclando problemas reais e fictícios e criando seus próprios inimigos, o presidente da nação mais poderosa do planeta usa métodos pouco ortodoxos para conseguir o que quer, incluindo ameaça a outros países, mudança de nomes de territórios e definições de gênero. Com a chance de melhorar muitos aspectos da vida das pessoas, prefere mesmo é lacrar e defender políticas que fazem o mundo, influenciado pelos Estados Unidos, dar passos atrás em avanços que tinham sido importantes até agora.