
Mais uma vez a comunidade de Santa Maria se mostra solidária em meio a uma catástrofe. A exemplo do que aconteceu em 27 de janeiro de 2013, quando voluntários montaram uma verdadeira força-tarefa para auxiliar na tragédia da Kiss, dessa vez, a chuva em excesso uniu as forças da população. De sexta-feira até ontem, o acumulado chegou a 59,3 milímetros.
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Quando os primeiros estragos começaram a ser detectados, diversas entidades se reuniram para auxiliar. A Defesa Civil de Santa Maria atua desde a madrugada de quinta-feira no socorro aos atingidos. O órgão conta, acima de tudo, com a solidariedade de voluntários dos mais diversos segmentos: igrejas, comunidades e demais pessoas sensibilizadas com a situação (veja texto abaixo). Já foram arrecadados mais de três toneladas de alimentos, 10 mil peças de roupas, além de fraldas, materiais de higiene e limpeza.
- No total, 395 famílias já receberam doações e, conforme a necessidade, receberão mais. É graças à solidariedade da população e ao trabalho conjunto entre diferentes instituições que conseguimos atender a todos - afirma o coordenador da Defesa Civil, Adelar Costa.
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Além da Defesa Civil, associações de bairros e centro comunitários arrecadam doações. Na tarde deste domingo, o presidente da Associação Comunitária Estação dos Ventos, no Km 3, Tito Rodrigues, recebia agasalhos e alimentos. No local, famílias tiveram as casas alagadas e arrastadas pela cheia do Rio Vacacaí, que, no fim de semana, manteve-se em 6m30cm.
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Na tarde deste domingo, a prefeitura, juntamente com o Exército, fez a desobstrução da Rua Vereador Antonio Dias, no bairro Campestre do Menino Deus (veja texto ao lado).
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul divulgou, ontem, que 21.179 pessoas foram atingidas pela chuva desde quarta-feira, que 50 cidades gaúchas foram mais afetadas e que 2.498 pessoas estavam em abrigos e 1.913 seguiam desalojadas.
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As doações arrecadadas pela Defesa Civil começaram a ser levadas ontem para o ginásio Guarany-Atlântico, no bairro Salgado Filho. No local, voluntários trabalhavam na triagem das doações. Segundo a organização, mais de cem pessoas ajudaram no trabalho.
- Fizemos um cadastro com as famílias. Com essa triagem, vamos separar as doações e já levaremos de acordo com a necessidade - diz a assistente social da secretaria de Habitação, Angela Maria Oliani.
Na tarde deste domingo, o autônomo Daniel de Ávila, 33 anos, e o filho dele, Morone Gabriel, 7, ajudavam na separação das roupas. Segundo Ávila, o momento agora é de se solidarizar.
- Trago o meu filho porque quero que ele aprenda desde cedo e não perca essa vontade de ajudar. Para nós, isso daqui não é trabalho - afirma Ávila.
Na Rua Felisbina Costa, no bairro Campestre do Menino Deus, os moradores se uniram e ainda trabalhavam na retirada do barro de dentro das casas, que foram atingidas pela água do rio que corre próximo. O açougueiro Paulo Antonio de Lima, 49 anos, mora com mais nove pessoas, entre mulher, filhos e netos. Na tarde deste domingo, a família trabalhava na limpeza da casa. Boa parte dos móveis foram perdidos.
- Essa é a terceira enchente que enfrentamos em três anos. Em todas elas, conseguimos salvar só a geladeira e mais algumas coisas. Agora é seguir em frente e começar tudo de novo - afirma Lima.