Com os holofotes da imprensa nacional voltados ao combate à corrupção, policiais federais que antes eram personagens secundários ganharam protagonismo. Em algumas oportunidades, despertaram mais atenção do público do que os políticos presos pela Operação Lava-Jato. A Polícia Federal, agora, se prepara para selecionar novos policiais — . na segunda-feira, termina o prazo de inscrição para uma das 500 vagas oferecidas nos cargos de delegado, perito criminal, agente, escrivão e papiloscopista.
Talvez o mais popular, que virou máscara de Carnaval em 2016, seja o agente da PF Newton Ishii, o "Japonês da Federal". O policial chegou a inspirar uma marchinha – "Ai meu Deus, me dei mal, bateu na minha porta o Japonês da Federal". O empresário Marcelo Odebrecht, o ex-deputado Pedro Corrêa, o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, entre outros alvos da Lava-Jato, estão entre os escoltados por Ishii ao cárcere da PF em Curitiba.
Mas tudo tem um fim, e o "Japonês da Federal" se aposentou. A portaria com a concessão do benefício foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) em fevereiro deste ano. Antes disso, o agente provou o outro lado do balcão: em 2009, foi condenado por corrupção e descaminho por facilitar entrada de produtos contrabandeados do Paraguai.
Coque samurai que ganha notoriedade
Mas se o "Japonês da Federal" conquistou a fama pelas aparições nos telejornais, outro policial ganhou popularidade graças às redes sociais, o “Hipster da Federal” – hipster é uma palavra inglesa que descreve pessoas com estilo próprio que lançam tendências alternativas. Com barba longa e coque samurai, Lucas Valença chamou a atenção durante a prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), em outubro de 2016.
Com o sucesso nas redes, seu número de seguidores no Instagram, por exemplo, saltou de pouco mais de 10 mil para 130 mil em um só dia. Suas fotos na praia, sem camiseta, mostrando a paixão por paraquedismo ou em aulas de tiro recebiam milhares de curtidas.
Logo depois dessa fama repentina, que lhe rendeu também aparições em programas de TV, acabou forçado a tirar férias da PF. Pouco depois, Valença se filiou ao Novo e cogitou concorrer a uma vaga na Câmara Federal. Mas, neste mês, afirmou que não participará das eleições agora.
O efeito dessa notoriedade, entretanto, parece não ter agradado à PF. Nos dias seguintes ao fenômeno “Hipster da Federal”, policiais relataram que a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR) recomendou aos agentes o uso de capuz durante a locomoção de presos notórios para evitar exposição. Oficialmente, a instituição negou ter feito a recomendação e disse que o uso da chamada “balaclava” é opcional entre os agentes.
Menos famoso, Jorge Chastalo Filho é chamado nas redes sociais de "Rodrigo Hilbert da PF", pela semelhança com o ator. O policial chamou atenção ao escoltar o ex-presidente Lula, em maio de 2017, quando o petista prestou depoimento ao juiz Sergio Moro.
Onze meses depois, os caminhos de Chastalo e de Lula se cruzaram de novo: agora, é um dos carcereiros do ex-presidente.