O presidente Donald Trump admitiu neste domingo (2) que os americanos podem sentir as consequências econômicas das tarifas impostas a outros países, mas insistiu que "o preço valerá a pena" para proteger os interesses dos Estados Unidos.
"Haverá alguma dor? Sim, talvez (e talvez não!)", escreveu Trump em letras maiúsculas na plataforma Truth Social.
A declaração foi publicada um dia após assinar um decreto que impõe tarifas de importação de 25% para México e Canadá, e de 10% adicionais às tarifas já existentes para os produtos da China.
"Mas nós vamos fazer os Estados Unidos grandes de novo, e valerá a pena o preço que devemos pagar", acrescentou.
Diante das tarifas, que devem entrar em vigor na terça-feira (5), os três países prometeram adotar represálias contra os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, analistas alertam que uma guerra comercial pode desacelerar o crescimento dos Estados Unidos e elevar os preços ao consumidor a curto prazo.
Antes da posse, Trump já insistia que os países não adotavam medidas suficientes para frear a migração irregular e o tráfico de fentanil, um opioide mortal, para os Estados Unidos.
Washington anunciou a imposição de tarifas de importação de 25% ao México até que o país "coopere com os Estados Unidos na luta contra as drogas", porque considera que os cartéis mexicanos "são os principais traficantes mundiais de fentanil, metanfetamina e outras drogas" para o país.
O presidente e seus assessores resistem a admitir que as tarifas podem aumentar os preços. A frustração com a inflação foi um fator crucial na vitória do republicano sobre a democrata Kamala Harris nas eleições de novembro de 2025.
"Estado número 51"
Em uma aparente tentativa de limitar o aumento nos preços dos combustíveis e da energia elétrica, Trump estabeleceu uma tarifa de apenas 10% para as importações de energia do Canadá.
Em outra mensagem, Trump voltou a pedir que o Canadá vire um estado dos Estados Unidos, elevando a tensão com um de seus aliados mais próximos.
"Os Estados Unidos pagam 'centenas de bilhões de dólares' para SUBSIDIAR o Canadá", disse Trump em uma aparente referência ao déficit comercial do país com a nação vizinha.
"Sem o subsídio massivo, o Canadá deixa de existir como um país viável. Portanto, o Canadá deveria se tornar nosso querido 51º estado", completou.
O presidente americano afirmou que a medida significaria "impostos muito menores e uma proteção militar muito melhor para o povo do Canadá - E SEM TARIFAS!".
Dados oficiais do governo dos Estados Unidos mostram que o déficit comercial com o Canadá foi de US$ 55 bilhões o equivalente a R$ 320 bilhões em 2024.
O republicano também ameaçou adotar ações similares contra a União Europeia, que neste domingo "lamentou" as tarifas contra Canadá, México e China.
—A UE está firmemente convencida de que tarifas baixas promovem o crescimento e a estabilidade econômica, mas responderá com firmeza se tarifas injustas forem aplicadas—, alertou a Comissão Europeia.
* AFP