
Uma alimentação balanceada é capaz de contribuir para a melhora de várias condições de saúde física e mental. Entre elas, a falta de libido. Nutrientes presentes em alguns alimentos, como frutos do mar e chocolate, por exemplo, podem aumentar o desejo sexual de homens e mulheres.
Rotulados como afrodisíacos, alguns alimentos já carregam fama de estimuladores de libido. Diferentemente do imaginário comum, a relação entre alimentação e desejo sexual tem bases científicas.
Uma revisão integrativa, publicada em 2021 no Research, Society and Development Journal, mostrou que certos nutrientes ajudam a melhorar fatores essenciais para o desempenho e o prazer.
— Existem alguns alimentos, em especial alguns componentes, compostos e nutrientes, que estão super envolvidos com o aumento da libido pela questão de favorecer o equilíbrio hormonal, a melhora da circulação sanguínea e o aumento de energia — acrescenta a nutricionista clínica especializada em saúde da mulher e fertilidade Marina Vaucher.
Responsável por regular o desejo sexual em homens e mulheres, a testosterona é um dos indicativos que merece atenção. Marina pontua que, primeiramente, é interessante que os pacientes com essa queixa façam exames para garantir que os níveis estão adequados. Se uma deficiência não for identificada, há uma série de alimentos que podem ajudar a estimular a produção desse hormônio.
— A pessoa pode pensar em nutrientes que são essenciais para a produção de testosterona. Um deles é o zinco. Nossa maior fonte desse nutriente está em frutos do mar, como ostras. Mas se a pessoa tiver uma alimentação variada, com bastante vegetais, frutas e verduras, também pode ter bastante zinco. As proteínas, como carnes magras e ovos, também vão ajudar nessa síntese hormonal — afirma.
Disposição e desempenho
A especialista reforça que o desejo sexual não é influenciado somente pela produção hormonal. Fatores que envolvem a saúde mental também podem impactar a libido. Em alguns casos, a pessoa que lida com esse problema não tem nenhuma patologia que explique a condição, mas está ansiosa, depressiva ou estressada, causando desequilíbrios bioquímicos.
A banana é um alimento que pode ajudar nestas questões. Além disso, a prática de exercícios físicos regularmente também é recomendada, uma vez que pode melhorar a condição cardiovascular, equilibrar hormônios, reduzir o estresse e ajudar na regulação de outras emoções consideradas negativas.
— Também temos o chocolate. Especialmente aqueles com mais de 60% ou 70% de cacau. Esse alimento é rico em flavonoides, que vai melhorar o fluxo sanguíneo e estimular a liberação de endorfina. Claro que tem a questão do açúcar, que é realmente dopaminérgico, mas também tem uma liberação de endorfina e de serotonina que está associada ao bem-estar e a sensação de prazer. Isso é importante quando pensamos em libido — ressalta Marina.
A beterraba e a melancia também são alimentos recomendados pela especialista, pois possuem nitrato e citrulina, que são vasodilatadores. Assim, eles relaxam os vasos sanguíneos e promovem uma melhor irrigação da região íntima, dando maior sensibilidade. Marina afirma que, para as mulheres, pode ser interessante para facilitar o orgasmo.
Já para os homens, a arginina, aminoácido semiessencial encontrado em vários alimentos, ajuda a prevenir e a tratar a disfunção erétil. A especialista explica que, além de combater a fadiga, o componente ajuda a aumentar o fluxo sanguíneo para a região íntima. A arginina pode ser encontrada em castanhas, nozes, avelãs, feijão, iogurtes e queijos.
O ômega 3, presente nos peixes, como sardinha, atum e salmão, também favorece essa circulação sanguínea e a produção hormonal.
Alimentos que contribuem para o aumento do desejo sexual
- Ostras, salmão, sardinha, atum e outros frutos do mar
- Carnes, ovos e outros ricos em proteína
- Banana
- Chocolate meio amargo
- Beterraba
- Melancia
- Queijos e iogurtes
- Castanhas, nozes e avelãs
- Feijão
Frequência do consumo
Diferentemente do que se imagina, o efeito não é milagroso e nem instantâneo. A profissional explica que é essencial que quem sofre com a condição esteja com exames em dia, tenha uma alimentação balanceada, que inclua esses itens estimulantes, e uma rotina de exercícios físicos.
— Quando estamos pensando em uma melhora geral, que se estenda a longo prazo, é importante que o consumo seja diário. Se existe uma variedade alimentar, com mais fontes de nutrientes diversos, menor a chance de a pessoa ter uma deficiência nutricional que possa afetar a questão hormonal e a libido — aconselha.
Alimentos que atrapalham o desejo sexual
Ao contrário dos efeitos do salmão, da beterraba e do chocolate, há uma série de alimentos que podem diminuir a libido. Marina cita alguns que devem ser evitados ou melhor dosados:
— Álcool, açúcar e carboidratos refinados em excesso podem gerar picos e quedas de energia muito rápido. A longo prazo, podem gerar resistência à insulina, o que diminui a testosterona. A soja é rica em fitoestrógenos, que é componente que pode imitar o estrogênio, que compete com a testosterona. Então a soja em excesso pode gerar um desequilíbrio e fazer com que a mulher não tenha uma produção adequada de testosterona — afirma.