Você já ouviu falar de edging? O termo em inglês que vem ganhando popularidade na internet se refere a uma prática diferente na relação sexual: a pessoa chega pertinho do limite do prazer, mas, antes de atingir o orgasmo, ela retrocede, cessa ou troca os estímulos e começa tudo de novo.
A técnica promete provocar um acúmulo de energia sexual, fazendo com que a relação dure mais tempo e proporcione orgasmos mais intensos, quando finalmente acontecem.
— Edging é chegar no limite, naquele momento em que a pessoa vai atingir o orgasmo, mas aí para para que ele não ocorra naquele momento. É uma forma de aumentar a tensão sexual para que lá na frente isso, em teoria, resulte num orgasmo ainda mais potente — explica a ginecologista e sexóloga Joana de Araújo.
Os benefícios são tanto para as descobertas solo como na relação, mas para se aventurar no mundo do edging sem se frustrar, há alguns pré-requisitos indispensáveis. Primeiramente, orienta a médica, é necessário ter muito autoconhecimento sobre o que lhe faz sentir prazer. Em casal, um não pode ter medo de compartilhar com o outro essas informações:
— O prazer sexual não é algo que nos é “dado” pela parceria, é o próprio indivíduo que sabe o que lhe dá prazer. A transmissão desse conhecimento para que a parceria possa focar em estímulos que vão verdadeiramente levar a um orgasmo é muito importante para a prática de edging.
Não é para todas
Quanto aos estímulos sexuais, eles podem ser dos mais variados, o importante é que atendam à preferência de cada um: masturbação, sexo oral, uso de sex toys, penetração, experimentação de diferentes posições, etc – o que vale é o que funciona.
No entanto, há inúmeras mulheres que têm dificuldade em chegar ao orgasmo. Essa técnica não é para elas, enfatiza a sexóloga, pois pode fazer com que percam o timing de um orgasmo e não o encontrem novamente naquela ocasião.
— O orgasmo feminino requer muito mais tempo, estímulo, concentração e autoconhecimento do que o masculino. Para mulheres que não têm conhecimento do próprio corpo e que não conseguem ter orgasmo, não é interessante retirar o estímulo ou mudá-lo quando ela está finalmente prestes a ter orgasmo. Para se ter um orgasmo é preciso estar muito concentrada na relação, estar pensando no orgasmo e procurando por ele. É uma técnica válida para quem já têm esse nível de conhecimento — orienta.
Estratégia a dois
Os homens têm mais facilidade em praticar o edging do que as mulheres, podendo ser benéfica numa dinâmica de casal, pois ajuda a controlar a ejaculação, dando mais tempo para focar no jogo sexual e nos estímulos à parceira para que ela também chegue ao orgasmo.
A técnica é, inclusive, uma das estratégias no tratamento da ejaculação precoce, caso em que é chamado de start-stop.
Vale lembrar que as mulheres necessitam em média de 20 minutos de bons estímulos para atingir o orgasmo, tempo que costuma ser muito menor para os homens. Esse costuma ser uma dos principais assuntos no consultório de Joana:
— Em quase todas as consultas em sexualidade, ouço o desejo feminino de que a relação sexual durasse um pouquinho mais, no sentido de o homem não ejacular tão cedo, já que para boa parte dos casais o orgasmo significa o fim da relação. Só que, às vezes, eles param independente da parceira ter chegado lá ou não. No edging, o homem consegue se levar até o limite do orgasmo e aí diminuir os estímulos, continuando a relação até que a mulher também chegue lá. Isso só vai trazer benefícios para o casal.
Benefícios
O interesse pelo edging acaba funcionando como incentivo para buscar saber mais sobre o próprio corpo, identificar os estímulos adequados e diversificar. Se propôr a praticar, acrescenta a sexóloga, também é uma oportunidade de prestar atenção em como o orgasmo acontece, como chega, o que funciona melhor, se são os estímulos clitorianos, da penetração ou outros.
Dessa forma, a técnica serve como uma porta de entrada para ampliar o repertório sexual. A médica ressalta que não há nenhum dano, como por exemplo um medo de “dessensibilização”, a qual não ocorre:
— Não existe nenhum problema em adiar o seu orgasmo, nem em curto nem no longo prazo. Pelo contrário, é uma forma de autoconhecimento e de conhecimento do casal e das preferências. A gente sempre vai ter vantagens em testar novas coisas no campo sexual, e o elemento de autocontrole, já que o edging é basicamente isso.